Com o objetivo de se aproximar de setores do agronegócio, o ex-presidente Lula (PT) firmou aliança com uma figura controversa que busca um lugar no Senado pelo estado do Mato Grosso. Lula se reuniu na quarta-feira (13) com o deputado federal ruralista e ex-ministro Neri Geller (PP-MT) e costurou um acordo com o pré-candidato a senador, que é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.
"Meus amigos e amigas, depois de um amplo diálogo e em coerência com os princípios que me fizeram chegar até aqui, formamos uma aliança pelo bem de Mato Grosso e do Brasil. Esse é o time do #BrasilDaEsperança", escreveu Geller em seu perfil no Twitter. Na foto, ele aparece ao lado de Lula e outras lideranças locais, como a deputada federal Rosa Neide (PT-MT).
Geller foi um dos líderes da bancada ruralista que trabalhou pelo adiamento da votação no Supremo Tribunal Federal (STF) do Marco Temporal, impedindo uma vitória dos povos indígenas. Alinhadíssimo com o governo Jair Bolsonaro (PL), ele foi um dos deputados que votou favorável à PEC do voto impresso e a defendeu em vários momentos.
Indicado por Arthur Lira, o deputado relatou o PL do licenciamento ambiental e apresentou um texto restringe, enfraquece ou, em alguns casos, até extingue a necessidade de licenciamento ambiental no país. O relatório de Geller foi uma das principais "boiadas" que passaram no Congresso durante o governo Bolsonaro.
Entre as promessas de campanha de Lula está a criação de um Ministério dos Povos Indígenas para avançar com a demarcação de terras.
No governo Dilma, Geller chegou a ocupar o Ministério da Agricultura por menos de 1 ano, entre março de 2014 e janeiro de 2015. Ele assumiu o posto após a saída do ministro Antonio Andrade. Geller ocupava a Secretaria de Política Agrícola. Ele chegou a ser preso em investigação por suposta participação em um esquema de corrupção na pasta.
Antes, ele foi opositor no governo Lula. Em 2006, liderou um movimento de protesto contra a política agrícola e econômica do governo Lula bloqueando rodovias em vários estados. O "Grito do Ipiranga" defendia os interesses dos produtores de soja.
O ativista André Aroreira criticou essa aproximação. "Lula fechou acordo e quer colocar no Senado o ruralista mais nocivo e inescrupuloso dessa legislatura: Neri Geller!", escreveu.