As franjas radicais que sustentam o moral do discurso bolsonarista, sobretudo nas redes, até tentam manter o coro com suas pautas amalucadas e extremistas, mas o fato é que o presidente Jair Bolsonaro vem sentido, perceptivelmente, o baque do naufrágio de seu governo e de uma cada vez mais provável derrota que terá que amargar nas eleições de outubro. Nesta quinta-feira (9), durante um encontro com donos de supermercados, o ocupante do Palácio do Planalto deu mais um sinal de desespero e se humilhou diante dos empresários, pedindo que eles não aumentem os preços dos produtos nas gôndolas, em especial os da cesta básica. A atual gestão tem o maior índice inflacionário dos últimos 28 anos, desde a criação o real, em 1994.
“O apelo que eu faço para os senhores, para toda a cadeia produtiva, é para que os produtos da cesta básica obtenham o menor lucro possível, para a gente poder dar satisfação a parte considerável da população, em especial os mais humildes”, disse Bolsonaro, num ato constrangedor. Parece que o presidente não compreendeu como funciona a selvageria do mercado que ele próprio defende.
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Mostrando uma humildade incomum e até então desconhecida, o chefe do Executivo botou até Deus em seu pedido e ainda, como de costume, terceirizou a culpa pela devastadora crise econômica que atola o Brasil durante sua gestão.
“Sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais. Vocês já têm colaborado nesse sentido, mas colaborem um pouco mais na margem de lucros dos produtos da cesta básica. Se for atendido, agradeço muito; se não for, é porque não é possível... Temos fé em Deus que essa crise dos dois países terá seu ponto final brevemente, assim como o vírus, que, ao que tudo indica, já teve o seu ponto final”, falou ainda o líder radical acostumado a se pronunciar aos berros, mas que durante a reunião com os magnatas do varejo manteve a voz baixa e dócil.