Em uma ação orquestrada para cassar mandatos de parlamentares da oposição ao governo de Jair Bolsonaro, o Partido Liberal (PL) decidiu entrar com uma representação no Conselho de Ética contra a deputada e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann.
A ação é movida pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que quer a cassação do mandato de Gleisi sob a justificativa de quebra de decoro parlamentar por ela ter reagido a uma provocação de uma bolsonarista contra Lula no início de maio.
Num vídeo que circulou pelas redes sociais, dentro de um hotel, a petista aparece afirmando: “dá vontade de ir lá e dar um tapa”, se referindo à manifestante aliada de Jair Bolsonaro. A mulher filmava a comitiva do ex-presidente e gritava: “Lula nunca mais”.
Passado um mês do episódio, o PL resolveu, agora, questionar a conduta da parlamentar. A representação foi protocolada há uma semana e ontem o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), fiador de Bolsonaro, numerou o pedido e encaminhou ao Conselho de Ética. Será a representação de número 23 no colegiado.
Na peça, Valdemar Costa Neto lista três supostos crimes, na tentativa de justificar a punição contra a deputada: crime de ameaça (a vontade de dar um tapa), vias de fato (ataque ou violência que não resulte em lesão corporal) e lesão corporal leve (ofensa à saúde ou lesão ao corpo de alguém).
Já a atitude da manifestante, cujo nome sequer é citado na acusação contra Gleisi, é apresentada pelo PL como exercício da liberdade de expressão. Na mesmo documento é usado trecho do artigo 5º da Constituição Federal, no inciso IV em que "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato".
A reportagem da Fórum entrou em contato com a assessoria da parlamentar e aguarda posicionamento para atualização.
Deputado psolista também virou alvo do centrão bolsonarista
O deputado federal Glauber Braga (PSOL) também é outro alvo da ala do centrão bolsonarista. Em tempo recorde, a ação do PL que pede a cassação do mandato do parlamentar foi protocolada e encaminhada por Arthur Lira ao Conselho de Ética, ainda nesta quinta-feira (1º). Será a representação de número 24.
A perseguição a Glauber Braga começou na última terça-feira (31) quando Arthur Lira ameaçou de retirá-lo à força do plenário, após ter sido chamado de “ditador”.
Braga não se intimidou e desafiou o presidente da Câmara a usar a força para tirá-lo da sessão. "O senhor não tem vergonha", disse.
"O Lira pode fazer qualquer tipo de ameaça, mas não adianta. Não vou me intimidar. O que esse cara está tentando fazer é um crime de lesa-pátria. Entregar a Petrobras, privatizar a Petrobras, em uma votação de maioria simples é um absurdo”, disse Braga à Fórum.