DESESPERO ELEITORAL

Flávio Bolsonaro: “Próximos 4 anos serão de colheita” e “Guedes é um gênio”

Senador e filho primogênito do presidente adota discurso escorado em estelionato eleitoral e diz que pai "vai para cima da inflação”. Índices econômicos são críticos e 54% dizem não votar em mandatário radical de jeito nenhum

Senador Flávio Bolsonaro.Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores de campanha do pai, o presidente Jair Bolsonaro, deu uma entrevista à coluna Painel, da Folha de S. Paulo, na qual adotou um discurso construído em cima de um notório estelionato eleitoral. Percebendo a catástrofe socioeconômica que tomou o Brasil após o governo tumultuado e caótico do chefe do clã, Flávio apela agora para invencionices em relação à história, aos indicadores e se enterra em promessas que não têm a menor possibilidade de se concretizarem num eventual segundo mandato de Jair Bolsonaro.

"Os próximos quatro anos são para entrar para a história, se for com Bolsonaro. É o tempo da colheita. O Lula colheu um país ajustado, e com cenário internacional muito favorável. A Dilma dizimou, e o Jair Bolsonaro plantou de novo", disse o parlamentar de extrema-direita, numa declaração que beira o absurdo, já que Lula pegou um país de FHC, em 1° de janeiro de 2003, atolado numa forte crise econômica, com desemprego de 10,5% e dólar a R$ 3,69, entregando a faixa presidencial em 31 de dezembro de 2010 com 5,3% da população sem trabalho e com a moeda norte-americana cotada a R$ 1,66, enquanto Dilma Rousseff chegou a baixar a taxa de desemprego para a casa dos 4,3%, que só foi elevada após os abalos políticos provocados pela quebra de ordem institucional que culminou com o golpe parlamentar que a derrubou. Jair Bolsonaro chegou a conduzir o país ao brutal índice de 14,8% de desempregados e seu dólar bateu R$ 5,90 em 2020.

Os índices de inflação não merecem sequer comparação, uma vez que o indicador apresentado pelo governo Bolsonaro é o mais alto desde a criação do real, em 1994, quando o presidente era Itamar Franco. A vida dos brasileiros foi tão atingida pela condução desastrosa da atual gestão que o Datafolha divulgado em 26 de maio mostrou que 54% dos eleitores não votariam em Jair Bolsonaro de jeito nenhum, um recorde histórico de rejeição.

Flávio, assim como todo o séquito palaciano, está desesperado com a possibilidade que a cada dia se cristaliza mais, que é a de ver o pai fora do Palácio do Planalto em 2023. O senador de extrema-direita, como é comum e corriqueiro entre os integrantes da família de políticos, mais uma vez terceirizou a culpa pela tragédia que se tornou o país sob condução de seu pai e aproveitou novamente para atacar governadores.

"Teremos a aprovação do teto, talvez com uma regra de transição para os estados se adaptarem. Há ainda as reduções de carga tributária já anunciadas e outras que podem vir. Essas medidas vão dar resultado no segundo semestre. Os estados têm gordura para queimar, eles precisam dar a sua cota de sacrifício. Teve aumento de arrecadação. No Rio de Janeiro, o ICMS é 36%, é muito alto”, justificou-se, aproveitando ainda para dizer que seu pai “vai para cima da inflação”, coisa que não fez até o momento.

Por fim, Flávio Bolsonaro ainda deu uma declaração que mostra toda a capacidade do clã presidencial de gerar artificialmente uma realidade paralela para seus seguidores fanáticos. Paulo Guedes, o ministro da Economia que é alvo de críticas até de setores aliados e apontado inclusive por bolsonaristas de primeira hora como inepto, incompetente e despreocupado com a condução econômica da nação, visto sua total inação frente à tragédia atravessada pelo Brasil, foi chamado de “gênio” pelo senador.

"Paulo Guedes é um gênio, hoje uma pessoa muito mais sensível politicamente do que era no início do governo. Sem ele não estaríamos na atual situação, estaríamos muito pior", finalizou Flávio.

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