Na última terça-feira (14), após a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a manobra ilegal do ministro Kássio Nunes Marques que tentava restituir o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR), o presidente Bolsonaro reagiu de forma estridente e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF).
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“Enquanto aqui a gente está num evento voltado para a fraternidade, amor, compaixão, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o STF, por 3 a 2, condena um deputado por espalhar fake news. Ele não espalhou fake news. O que ele falou na live eu falei também. Isso (as acusações descabidas de fraudes nas últimas eleições) é uma verdade, e esse deputado foi cassado”, disparou o mandatário
Como as eleições se aproximam e Bolsonaro não consegue ultrapassar os 30% das intenções de votos e com uma rejeição que lhe impede de crescer numericamente, ele voltou a utilizar teses delirantes de um comunismo em curso no Brasil. Exemplo disso, é que ele acusou o ministro do STF Edson Fachin de ser marxista-leninista, corrente de pensamento que tem como base central a filosofia de Karl Marx e Vladimir Lênin, o líder da Revolução Soviética.
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Após o delírio comunista, o presidente afirmou que não vai cumprir ordens da Suprema Corte e citou o Marco Temporal. "“O que eu faço se aprovar o marco temporal? Tenho duas opções: entrego a chave para o ministro do Supremo ou digo 'Não vou cumprir'. Eu fui do tempo em que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. Eu fui desse tempo. Não sou mais. Certas medidas saltam aos olhos dos leigos. É inacreditável o que fazem. Querem prejudicar a mim e prejudicam o Brasil”, atacou.
Essa verborragia faz parte do aparato político de Bolsonaro e sua trupe, porém, no vídeo em que o presidente discursa contra o STF, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra sorri e aplaude as declarações autoritárias de Bolsonaro.
"O que eu senti é que o presidente fez um desabafo de cidadão comum. Aplaudi como outros estavam aplaudindo. Era um momento de grande emoção dele [Bolsonaro]. Mas uma coisa é o desabafo. Outra é o que ele vai fazer como presidente", justifica Gandra à Folha.
Para Gandra, o Brasil vive sob um ativismo judiciário, fato que o deixa revoltado. "Eu sou ministro que, no TST, mais cumpre decisões do Supremo. Sou até criticado por isso. Mas entendo perfeitamente o desabafo do presidente. Como cidadão comum, eu também estou revoltado com tudo o que está acontecendo, não me sinto confortável com o ativismo judicial, com a forma como o Judiciário está funcionando", diz Gandra.
O ministro do TST analisa o atual cenário do sistema de Justiça e afiram que está em curso em um "neoconstitucionalismo, em que o que interessas não é a vontade do constituinte [que elaborou a Carta Magna], mas sim a vontade do intérprete da Constituição. Ele se opõe ao constitucionalismo clássico, que é baseado em pilares que não podem ser interpretados de forma flexível para atender ao que você gostaria, mas não está na Constituição".
Gandra não falou sobre, mas ele então apoia um sistema de Justiça servil ao Palácio do Planalto e que não olhe para o texto jurídico como uma obra canônica, a qual não pode ser interpretada [mas estas são] à luz da contemporaneidade?
Com informações da Folha de S. Paulo