O ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar relatou ao filme "Amigo Secreto", de Maria Augusta Ramos, como foi pressionado para comprometer Lula em suas delações na operação Lava Jato. Disse ainda que quando um colega seu citou Aécio Neves numa denúncia de caixa 2, foi liberado.
"Era uma pressão em cima da gente", diz Alencar no filme. "E estava nítido que a questão era com o Lula." Ele conta ainda que relatou "vários casos de caixa dois. Infinitos. Não aconteceu nada com ninguém. Aconteceu comigo. Com eles [políticos] não aconteceu nada". Só com Lula.
Segundo ele, os procuradores insistiam em perguntas sobre "o irmão do Lula, o filho do Lula, não sei o que do Lula, as palestras do Lula".
"Nós levávamos bola preta, 'ah, você não falou o suficiente'. Vai e volta, vai e volta. 'Senão [diziam os interrogadores], não aceitamos o teu acordo."
Alexandrino Alencar afirma que "chegou no limite de sua verdade", ao falar sobre o ex-presidente. Ele acabou condenado a 15 anos e seis meses de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro pelo ex-juiz Sergio Moro.
Além de Alexandrino Alencar, foram condenados outros executivos da Odebrecht, como Márcio Faria, Cesar Ramos Rocha e Rogério Araújo e o ex-presidente do conglomerado, Marcelo Odebrecht
O documentário "Amigo Secreto", de Maria Augusta Ramos, estreia em 16 de junho nos cinemas. As filmagens acompanharam jornalistas por trás da Vaza Jato: Leandro Demori, do The Intercept Brasil, Carla Jimenez, Regiane Oliveira e Marina Rossi, do El País Brasil.
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*Com Monica Bergamo