Jair Bolsonaro é pura campanha eleitoral (fora de época). Na noite deste domingo (8), Dia das Mães, um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV levou uma mensagem ao ar de sua esposa, Michelle Bolsonaro, e da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Rodrigues Brito. As palavras foram em claro tom de propaganda e recheadas de expressões típicas do ultraconservadorismo do atual governo de extrema direita.
“Por conhecer os desafios da maternidade, temos o compromisso de cuidar das mães do nosso país. Nesse sentido, o governo federal tem implementado uma série de ações que beneficiam as mães brasileiras. Hoje, elas são prioridade no Auxílio Brasil, nos programas habitacionais e em todos os processos de regularização fundiária”, disse Michelle. No entanto, há mais de uma década as mães já têm prioridade no recebimento de benefícios sociais e em programas de habitação. Em relação à regularização fundiária, urbana ou rural, o presidente Jair Bolsonaro tem aberta posição contrária e discursa pela criminalização de ocupações na cidade e no campo.
Desde que assumiu o mandato, em 1° de janeiro de 2019, a explosão dos índices de miséria tem atingindo especialmente uma gama das mulheres: as mães solo, que hoje são mais de 11 milhões no país e, segundo dados do IBGE, estão entre as mais afetadas pela grave crise econômica que assola o Brasil. Michelle e Cristiane falaram ainda sobre uma série de programas desconhecidos do governo federal voltas às mães, como o Brasil Pra Elas, Renda e Oportunidade e Cuida Mais Brasil, que seriam voltados para assistência maternidade, fomento ao investimento e capacitação profissional, embora seja difícil encontrar quem tenha feito parte dessas iniciativas, o que soa como evidente burocracia sem resultados reais.
Por fim, Michelle Bolsonaro ainda parabenizou as mães brasileiras, mencionando vários grupos sociais, étnicos e culturais que são preteridos e atacados pelo presidente desde antes de sua eleição.
“Encerramos abraçando cada mãe desse Brasil. As donas de casa, as chefes de família, as mães-avós, as mães com filhos com deficiência, as mães raras, as mães indígenas, as mães quilombolas, as mães ribeirinhas. Todas as mães heroínas deste país”, encerrou a esposa a primeira-dama, sem se dar conta de muitas dessas mulheres citadas são parte dos segmentos sociais mais devastados pelas políticas antipovo do atual governo, com o destaque especial para a menção às quilombolas, que segundo Bolsonaro, na última campanha eleitoral durante uma palestra na Hebraica do Rio de Janeiro, “não servem nem para procriar”.