ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro pode incitar invasão do STF e Congresso para intervenção de militares, diz historiador dos EUA

James Green diz que caso Lula vença, Bolsonaro pode provocar crise com a adesão de PMs para servir de pretexto para ação das Forças Armadas. Ele lembrou elo de Eduardo com a "direita neofascista dos EUA"

Trump com Eduardo e Jair Bolsonaro.Créditos: Presidência da República
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Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta segunda-feira (30), o historiador James Green, especialista em temas relacionados à História brasileira e latino-americana, alertou para a possibilidade de que se repita no Brasil o episódio da invasão do Capitólio, nos EUA, caso Jair Bolsonaro (PL) perca as eleições em outubro.

Para o historiador estadunidense, o discurso de fraude nas urnas eletrônicas deve ser usado por Bolsonaro para incitar apoiadores caso Lula vença as eleições.

"Eu fico impressionado como a lavagem cerebral tem funcionado. Os argumentos que usam e muitos deles [eleitores de Bolsonaro] são muito convictos de que as urnas eletrônicas vão ser manipuladas, que as eleições vão ser fraudulentas e que não vão reconhecer os resultados. Bolsonaro tem a capacidade de mobilizar um setor na sua base para sair às ruas protestando contra os resultados, especialmente se forem apertados, e acho que isso pode levar em Brasília a uma invasão do STF e do próprio Congresso. E uma crise dos PMs nos vários estados onde governadores são pró-Bolsonaro e a possibilidade de enfrentamento se a base do PT sai em resposta em defesa das eleições. Isso pode provocar uma crise muito grande e pode ser o pretexto para setores das Forças Armadas intervirem", disse.

Green acredita, no entanto, que as força democráticas sairão vitoriosas das eleições no Brasil. "Acho que as forças democráticas vão vencer. Mas, ao mesmo tempo, é importante que a sociedade esteja alerta sobre essa possibilidade e preparada para essa eventualidade. Porque, realmente, ninguém esperava a invasão do Capitólio", disse.

O historiador lembrou ainda que Eduardo Bolsonaro fez parte do grupo que planejou a invasão ao Capitólio e falou das teorias da conspiração alimentadas pelo irmão, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que esteve na Rússia com o pai.

"Eu não tenho dúvida que ele [Eduardo Bolsonaro] tem um diálogo constante com pessoas das forças da direita neofascista dos EUA. Os irmãos com certeza conversam sobre possibilidades paralelas nas eleições de outubro".

Assista à entrevista