A deputada estadual Monica Seixas (PSOL-SP) entrou com um pedido de cassação do deputado Wellington Moura no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O parlamentar, durante sessão plenária na última quarta-feira (18), afirmou que iria colocar um "cabresto na boca" de Seixas.
“Quero dizer a ela [Monica Seixas] que ontem, num momento que eu estava presidindo a sessão, ela estava importunando o plenário [...] é o que vossa excelência faz. Sempre. Várias vezes. Mas num momento que eu estiver ali [presidindo a sessão], eu vou sempre colocar um cabresto na sua boca porque não vou permitir que vossa excelência perturbe a ordem”, disse Moura.
Os dois, então, discutiram, e Monica respondeu: “Não vai calar a minha boca”. O deputado retrucou: “Eu vou, todas as vezes [que presidir a sessão]”.
Confusão ocorre um dia depois de Monica ser ofendida por outro deputado
O caso ocorreu um dia depois de outra confusão envolvendo Monica. Ela denunciou que o deputado Gilmaci Santos (Republicanos) a chamou de “louca” e chegou a colocar o dedo no nariz dela, em sessão que acabou cassando o mandato de Arthur do Val (União Brasil), de acordo com a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
Em 2021, Monica se afastou da Alesp por 120 dias para cuidar da saúde mental. Ela foi diagnosticada, à época, com depressão e síndrome do pânico.
Presidente da Alesp defende "medidas rígidas" contra falas sexistas
Em entrevista à Globo News, o presidente da Alesp, deputado Carlão Pignatari (PSDB) declarou que os ataques proferidos contra as deputadas Mônica Seixas (PSOL) e Érica Malunguinho, que vítima de ataques transfóbicos por parte do deputado Douglas Garcia (Republicanos), são "inadmissíveis" e que espera que o Conselho de Ética tome "medidas rígidas".
"É inadmissível. Eu espero que o Conselho de Ética tome uma medida muito rígida aos dois parlamentares, para que a gente possa continuar fazendo com que essa assembleia, o maior parlamento da América Latina, continue a defender a população, que é o que nós temos que fazer", disse Pignatari.
O deputado Douglas Garcia fez uso da fala para atacar a deputada Érica Malunguinho. "Quando houve, por exemplo, a votação do relatório final da cassação do Arthur do Val no Conselho de Ética, a deputada Malunguinho comparou o meu comportamento ao de Arthur do Val. Não sou agressivo. Violenta e agressiva é a deputada, quando defende que um homem que se sente mulher pode subir num ringue e descer a porrada numa mulher, simplesmente por se achar mulher. Malunguinho defende utilização de banheiros femininos por homens que se sentem mulheres", atacou Garcia, que também está sendo processado no Conselho de Ética por transfobia.
Para o presidente da Alesp, "alguns parlamentares estão perdendo a mão na maneira de falar. Nesses últimos 3 anos e meio, a radicalização na política brasileira trouxe esses fatos inadequados. É inadmissível qualquer tipo de machismo ou transfobia. Essa radicalização na política brasileira trouxe à tona esse tipo de falas horríveis. Quem pode fazer algum tipo de punição é o Conselho de Ética".