O pesquisador do mundo digital e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Sergio Amadeu, foi às redes sociais, nesta sexta-feira (20), para criticar o encontro de Jair Bolsonaro (PL) com o bilionário sul-africano Elon Musk e a forma submissa como se comportaram o presidente e sua equipe de governo. Recentemente, o bilionário fechou um acordo para a compra do Twitter por US$ 44 bilhões.
“Grotesco. Símbolo da submissão. O Ministro das Comunicações fala em inglês para a plateia brasileira ao saldar Elon Musk. Em qualquer pais do mundo, o apresentador falaria na sua própria língua”, tuitou Amadeu.
Em seguida, acrescentou: “Bolsonaro quer se fazer moderninho ao lado de Musk. Elon Musk, que se diz um homem da ciência, veio apoiar o presidente que cortou 80% do orçamento da Ciência e Tecnologia no Brasil. Bolsonaro fala em monitorar desmatamento, mas cortou 32% dos recursos do Inpe”.
As reservas de nióbio e lítio na América Latina
Segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria, Musk, que é dono da Tesla e da Space X, veio ao país para “tratar com o governo brasileiro sobre Conectividade e Proteção da Amazônia”. Porém, há outro fator que também pode justificar a vinda do empresário ao Brasil: lítio e nióbio.
O Chile, a Argentina e a Bolívia (onde Musk teve participação no golpe) possuem as maiores reservas de lítio do mundo. O Brasil possui uma reserva de 8%. Mas por que o bilionário estaria interessado neste minério? Ele é essencial na fabricação de baterias para carros elétricos.
Segundo o jornalista Igor Gadelha, no Metrópoles, Bolsonaro deve tratar com Musk a construção no Brasil de uma fábrica da Tesla, que produz carros elétricos e necessita de lítio.
Além do lítio, o Brasil possui uma das maiores reservas do mundo de nióbio, localizada no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira com a Venezuela e a Colômbia. Estima-se que a reserva brasileira de nióbio nessa região seja de 2,9 bilhões de toneladas. E é justamente a região que Musk vai visitar e este minério é fundamental para construções aeroespaciais. O empresário também é dono da SpaceX, empresa de turismo espacial.
O nióbio, que o presidente Bolsonaro tanto defendeu sua exploração durante as eleições de 2018, presente no município de São Gabriel da Cachoeira não pode ser explorado, pois, está dentro de um território indígena e em áreas de proteção ambiental do Parque Nacional do Pico da Neblina e da Reserva Biológica Estadual do Morro dos Seis Lagos.
O governo Bolsonaro, ao longo de seus quatro anos, tenta derrubar tais limites e liberar a exploração de minérios dentro de terras indígenas. Como se vê, a visita de Elon Musk ao Brasil envolve interesses muito além daqueles divulgados.