O ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) influente e pré-candidato ao comando do segundo maior colégio eleitoral do país, acabou de selar a tão aguardada aliança com o ex-presidente Lula (PT) — o que, de acordo com as pesquisas, pode lhe dar o empurrão decisivo para ultrapassar Romeu Zema (Novo) atual dono da cadeira. O acerto da aliança foi publicizado no final da tarde desta quinta-feira (19), com direito a vídeo e jingle "Lula e Kalil".
Em entrevista à revista Veja, Kalil empregou suas costumeiras metáforas para analisar o cenário — Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, seria “a mulher feinha que Zema agora quer chutar".
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Sobre não ter encontrado publicamente com Lula durante a passagem do ex-presidente por Minas Gerais, Kalil disse que não quis atrapalhar o momento do petista com sua militância.
"Eu não quis atrapalhar. Mas pode estar certo: se não houve um encontro entre nós, foi muito mais culpa do Lula do que minha. Seria uma honra estar com ele, com quem, claro, quero firmar uma aliança formal", disse o ex-prefeito que reiterou que jamais daria "bolo" em Lula.
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"Pois quem dá bolo é quem marca com uma mulher pela internet, descobre que ela é feia e não vai ao encontro. Não é o caso. Eu não iria agendar alguma coisa com um homem do tamanho do Lula e não comparecer".
Para tornar-se mais conhecido no interior de Minas e superar o favoritismo do atual governador, a aliança com o PT é estratégica para o ex-prefeito, considerando a importância do estado no xadrez eleitoral.
"Lula conhece muito Minas Gerais e, como homem inteligente que é, sabe da importância do estado. Na época dele, é bom lembrar, havia cinco ministros mineiros. Bolsonaro não tem nenhum. Isso resume o que cada um pensa de Minas. Prefiro dizer que estar ao lado de Lula faz, sim, uma boa diferença", ponderou.
O pré-candidato voltou a afirmar que pensa sobre a economia e desigualdade social, assim como o ex-presidente Lula.
"Ele pensa igual a mim, está preocupado com a fome, com o gás caro, que está fazendo gente voltar a usar fogão de lenha, com a gasolina que está arrasando os motoristas de Uber e de táxi. Não desqualifico ninguém, só acho que é estupidez ignorar a pobreza, como faz Bolsonaro. Quem a ignora vai vê-la chegar mais cedo ou mais tarde na porta de casa, na forma da anarquia ou da bala", afirmou.
Kalil também afirmou que o PSD (apesar da ala bolsonarista ) "não corre risco de ser cooptado por ninguém".
"O partido só iria de Bolsonaro se o Kalil permitisse. E eu não vou permitir. E explico por quê. Nos meus três anos de prefeitura em Belo Horizonte com ele presidente, tentei marcar horário para trazer alguma coisa para a cidade e não consegui", disparou.
E continuou: "O estado também não teve ajuda nenhuma porque o governador não se interessou. Ele recebeu o dinheiro amargo e duro da Vale pelos 272 soterrados de Brumadinho sem precisar trabalhar", criticou.
Ainda sobre a ala bolsonarista mineira do PSD, Kalil comparou com a rivalidade entre Cruzeiro e Atlético. "Tenho muitos amigos cruzeirenses. Se minha roda fosse só de atleticanos, estaria ferrado, porque não teria com quem debater. O mal do Brasil hoje é que os idiotas acham que todo mundo tem de pensar igual a eles, sejam de direita ou de esquerda", disse.
Apesar da aliança em Minas Gerais, ele reconhece que o PSD não vai caminhar com o PT, pelo menos até o primeiro turno. " O presidente do PSD, Gilberto Kassab, tem uma posição muito coerente. Ele democraticamente liberou os estados e cada um apoia quem quiser".
Kalil também ironizou o "casamento BolsoZema". "Não sou eu que associo os dois. Bolsonaro já deu entrevista declarando inclusive que eles são marido e mulher. Mandou não usar máscara e o Zema tirou a dele. O governador também endossou o discurso de que a cloroquina era a solução para a pandemia. Ele é aquele tipo de sujeito que sugou tudo o que podia da beleza da mulher. Agora que ela está feinha, vai chutar? Não pode".
Para o ex-prefeito, a gestão de Romeu Zema é péssima, a exemplo da gestão da malha viária do estado. "Posso dar alguns exemplos: temos uma malha rodoviária espatifada. O secretário de Infraestrutura é um advogado paulista que só entende de concessão. Os prefeitos estão com balde de terra tapando buraquinhos".
Por fim, o ex-prefeito contou o que o motivou a lançar-se na disputa pelo comando do Estado. " Quando entrei na prefeitura, em 2017, as pesquisas já me favoreciam, mas achei que não era hora. A partir do momento que entendi que eu ia bem e Minas estava muito mal, decidi concorrer. Isso se chama aumento de espectro de ajuda: primeiro ajudei um clube de futebol com orçamento de município do do interior, depois uma cidade com orçamento de mais de 15 bilhões de reais e agora tenho a possibilidade de ampliar esse leque e governar Minas".