Em entrevista exclusiva ao Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (13), o professor e pesquisador Guilherme Terreri, que dá vida à personagem Rita von Hunty, comentou sobre os ataques que recebeu após defender o voto radical à esquerda no primeiro turno e não na chapa Lula/Alckmin (PT/PSB).
"Esse post que eu fiz é um post sobre a gente nunca se dar por satisfeito, da gente sempre ter como horizonte aquilo que é chamado de impossível, de entender que a política real, mas a teórica também é o campo da disputa e da mesma forma que não faz nenhum sentido que a gente fale 'vivemos um momento periclitante, vivemos um momento de absurdo, vivemos um momento de crítica, portanto nos privemos de refletir'. Essa frase não faz sentido nenhum”, critica.
Para Guilherme Terreri, “é exatamente nos momentos mais absurdos, mais críticos, que a crítica deve ganhar o seu espaço, é exatamente nesses espaços que a gente tem que estar aberto para discutir, pra debater e em especial neste momento, em que nós vivemos um tempo de apagamento das diferenças e esse é o germe principal do fascismo. Se a gente entendo fascismo como um sistema que organiza afetos e efeitos políticos, o afeto é o espaço do apagamento da diferença, é onde o diferente precisa ser assassinado”.
O pesquisador também revelou que ficou espantado com a violência dos ataques de parte da militância da Partido dos Trabalhadores e afirmou que ela está dissonante do discurso de Lula.
“Estou há quase dez anos fazendo a Rita e nesses 10 anos... a gente recebe muita ameaça do bolsonarismo de raiz, raivoso, que é declaradamente fascista, racista, misógino e LGBTfóbico. Mas, ameaças declaradas com descrições de crueldade de como eu seria estuprado e assassinado, eu recebi duas vezes na mihna vida: uma quando um famoso blogueiro bolsonarista usou um vídeo da Rita que discutia uma declaração absurda do Ricardo Vélez (ex-ministro da Educação) sobre gênero, esse vídeo se chama 'Gênero e natureza', e agora por uma parte da militância do PT, e depois alguns amigos que estão inteirados sobre o funcionamento da divisão de tarefas me mostraram que muitas das páginas que estava incitando ódio eram, que pertencia a pessoas que estão ligadas a construção da campanha”, revelou.
O pesquisador afirma que a presença de petistas nos ataques violentos que sofreu representa um problema grave. “E aí nós temos um problema muito grande: nós temos um pronunciamento do Lula que fala sobre uma transformação do Brasil, que fala em fazer tudo outra vez, de ter uma prioridade, de não ter tempo a perder para ficar brigando e odiando, mas com convergindo e conversando, mas parece que a militância não está na mesma nota que o presidente Lula. Esse foi um grande choque”.
Em seguida, Guilherme Terreri reforçou que no primeiro turno não volta em Alckmin, pois, fere a sus existência. "Eu não vou pedir voto para Geraldo Alckmin, eu que vi professor tomar bala de borracha, eu que vi secundarista ter a Tropa de Choque ser incitada sobre essa galera, as escolas sendo fechadas, merendas desaparecendo, eu não vou pedir voto pro Alckmin. Eu me recuso a isso. Em um cenário absurdo em que Bolsonaro começasse a crescer nas pesquisas, a gente mudaria a nossa estratégia na hora, a nossa tática, mas nesse cenário agora fere a minha existência. Em um segundo turno, quando a chapa for uma chapa para vencer o Bolsonaro nas eleições, não há dúvida de que a gente vai estar ao lado da chapa, como sempre estivemos. Tem vídeo de 2016 da Gleisi Hoffmann falando da Rita, parabenizando a Rita por ser uma petralha roxa. Eu nunca estive distante do PT, muito pelo contrário”.
Confira abaixo a íntegra da entrevista: