Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta quinta-feira (12), o filósofo Vladimir Safatle, que estuda a possibilidade de ser candidato a deputado federal pelo PSol, afirmou que a esquerda precisa parar de imaginar que Jair Bolsonaro (PL) é "burro" e tem que criar uma nova forma de "insurreição" contra a "ruptura revolucionária conservadora" do bolsonarismo.
Segundo Safatle, Bolsonaro pode perder, mas não será derrotada: "E é esse o problema".
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"A gente vai ter um bloco importante no Congresso de ruptura revolucionária conservadora - porque acho que as coisas têm que ser nomeadas como elas são. Bolsonaro prometeu e está tentando realizar uma revolução conservadora no Brasil. E a gente precisa de uma outra forma de insurreição, de ruptura institucional, ao invés de ficar fazendo esse papel completamente esquizofrênico de ser o fiador das instituições brasileiras, de instituições que funcionam mal. Um exemplo só: Bolsonaro peitou o Supremo Tribunal Federal com a história do deputado e a gente vai em defesa do STF. Me desculpa, mas a gente sabe que o Supremo é um espaço de interesse oligárquico no Brasil. Bolsonaro joga com isso, ele joga a gente nas cordas. Com isso ele fala: 'no fundo eles defendem a velha política, esses oligarcas de sempre, eu sou a força popular de transformação'. Ele tem todos os defeitos do mundo, o único que ele não tem é ser burro. E a gente precisa parar de imaginar que ele é", afirmou o filósofo.
De acordo com Safatle, Bolsonaro faz um "governo contra o Estado" e usa isso para acumular cada vez mais poder.
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"Ele operou um governo contra o Estado. Ele fez um governo que a todo momento ele diz: 'eu estou amarrado, não tenho como agir pois é a estrutura do Estado que me impede, porque a imprensa me impede, o Congresso me impede, todo mundo me impede. Então, eu preciso de cada vez mais poder, mesmo que eu não entregue nada'. E na verdade é 'exatamente porque não estou entregando nada', que ele vai falar".
O filósofo acredita ainda que Bolsonaro vai crescer durante a campanha eleitoral acima dos 30%, o que mostra que o bolsonarismo continuará forte mesmo em um eventual governo Lula (PT).
"Ele chega agora sem campanha com 30% não só de intenção de votos, mas 30% de fiéis, de pessoas ideologicamente comprometidas com ele. Isso depois de uma pandemia que teve 700 mil mortos por negligência absoluta do Estado. 700 mil na conta dele, porque a gente sabe que o número é infinitamente maior. Mostra que isso veio para ficar, que não vai desaparecer. Vai ter campanha e o governo aumenta. Não vai ficar só nos 30%".
Assista à entrevista.