TEMPO DE APRENDER?

Fundador do Soweto critica Belo por filiação ao PL de Bolsonaro

"Pela primeira vez, estamos em lados opostos e lutamos por uma ideia de Brasil muito diferente", lamentou Claudinho de Oliveira

Claudinho Oliveira e Belo.Créditos: Montagem (Reprodução/Instagram)
Escrito en POLÍTICA el

Claudinho de Oliveira, sociólogo, cantor, compositor e fundador do Grupo Soweto, publicou um artigo nesta sexta-feira (8) criticando duramente a decisão do cantor Belo de se filiar ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), para disputar as eleições de outubro de 2022. Os dois foram parceiros no Soweto.

"Pus-me a questionar se de fato é necessário muito esforço para, quem quer que seja, e nos digitais dias de hoje, compreender o paralelo que é possível (e legítimo) estabelecer entre samba e consciência negra ou de classe. Cheguei à conclusão de que não", diz Claudinho em trecho do artigo publicado no site Brasil Independente. O fundador do Soweto deve se lançar candidato a deputado estadual pelo PDT em São Paulo.

No texto, Claudinho aponta a contradição de Belo ao se unir ao bolsonarismo.

"Para lá de [o samba] ser uma expressão cultural das classes populares, o seu imenso potencial de luta política, de acúmulo, de avanço da consciência de grupos marginalizados, manteve vívidas, a história do negro, do índio, dos subalternos, daqueles que buscavam a emancipação social com o enfrentamento à exploração de classe e, sobretudo, à opressão étnico-racial e seus protocolos de infames violências sobre corpos negros, suas músicas, danças, vestimentas, culinárias, festas profanas e sagradas", diz.

"Segundo porque Bolsonaro representa todo esse martírio dos oprimidos, a partir de sua política corrupta, racista, machista, sexista, negacionista e genocida que aprofunda a desigualdade, mata ou deixa morrer", completou.

Claudinho faz diversas críticas ao governo Bolsonaro e lamenta que ele e Belo estão pela primeira vez de lados opostos.

"Belo, meu cumpade, de lá pra cá muita coisa aconteceu, o samba nos uniu e nos separou, mas jamais nos colocou em lados distintos. Afinal, somos do mesmo lugar, e vivenciamos, pelo menos até o momento de sua filiação no time de Bolsonaro, a mesma utopia de uma história de luta política e social que o próprio samba conta e reconta desde XIX. Mas desta vez, pela primeira vez, estamos em lados opostos e lutamos por uma ideia de Brasil muito diferente. Ainda que surpreso, faz parte do jogo respeitar a sua decisão. Todavia, em respeito à história essencial do Soweto e sua narrativa fundacional, grito forte e em bom tom: Fora Bolsonaro!", finaliza.

Confira aqui o artigo na íntegra