A desistência repentina do empresário Adriano Pires em assumir o comando da Petrobras - que tem como pano de fundo a privatização da companhia - segue rendendo crises internas no Palácio do Planalto.
Irritado com a malsucedida indicação de Pires para a presidência da companhia, Jair Bolsonaro (PL) também responsabilizou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pela proposta de adiamento da assembleia que mudará a diretoria da empresa, daqui uma semana.
A estratégia de fritura contra o ministro já foi usada por Jair Bolsonaro contra outros que ocuparam o comando de pastas em seu governo, como Abraham Weintraub, na Educação, e também na presidência da estatal, como Roberto Castello Branco e o próprio general Joaquim Silva e Luna, que está de saída.
As informações são da Folha de São Paulo desta terça-feira (5). Contudo, na tentativa de estancar o desgaste, o adiamento da assembleia é considerado uma opção no governo, onde o general Silva e Luna, demitido por Bolsonaro, continuaria no cargo, até a aprovação dos novos nomes.
O Planalto havia divulgado que Silva e Luna não ficaria mais à frente da Petrobras e o próprio general se manifestou dizendo-se traído pela forma como o processo foi conduzido. Agora, a palavra de ordem é pela discrição quanto aos próximos indicados.
Porém, embora não quisesse se envolver com a indicação de um nome para a Petrobras, o ministro da Economia, Paulo Guedes passou a defender seu secretário especial Caio Paes de Andrade.
No entanto, o nome do secretário especial aparece envolvido em um processo judicial em que uma das empresas, a Conclusiva Empreendimentos e Participações. Há suspeita de que o secretário possa ter se valido do cargo para vasculhar seus dados financeiros para repassá-los a outra companhia que pertence a um amigo do ministro Paulo Guedes e com quem a Conclusiva trava uma batalha jurídica.
Privatização
O perfil privatista do economista Adriano Pires - dono de uma consultoria que atende empresas que disputavam com a Petrobras - agradava aliados de Jair Bolsonaro no Centrão. Com mais uma crise provocada pelo governo na gestão da companhia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), voltou a defender a privatização da Petrobrás nesta terça-feira (5), com o argumento de que a empresa "não gera benefícios para o país". Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) considera a empresa bem administrada e produtiva para a sociedade.