A crise institucional provocada por Jair Bolsonaro (PL) ainda pode ter consequências mais graves. Além de passar por cima do Supremo Tribunal Federal (STF), perdoando o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) da punição imposta pela Corte, o presidente exigiu que as Forças Armadas façam uma apuração paralela, sob pena de as eleições serem suspensas.
De acordo com a coluna de Miriam Leitão, neste sábado (3), em O Globo, Bolsonaro vai tentar impugnar a eleição, caso o ex-presidente Lula vença em outubro.
Ela revela que houve um diálogo entre o general de divisão Heber Garcia Portella e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual fica claro que Bolsonaro conseguiu o respaldo de lideranças das Forças Armadas para alimentar a suspeição sobre a eleição.
“Uma das dúvidas levantadas pelo militar, indicado pelo Ministério da Defesa para Comissão de Transparência das Eleições, foi sobre o que aconteceria se houvesse perda de voto por mídia eletrônica. O TSE respondeu que trabalha com duas mídias, mas, mesmo com essa redundância, se houver falha, é possível recuperar os dados”, relata Miriam.
O general insistiu, querendo saber o que aconteceria no caso de os votos descartados, por falha, serem em número suficiente para alterar o resultado. A resposta do TSE foi que nessa “remota hipótese” ficaria valendo o que está nos artigos 187 e 201 do Código Eleitoral. O artigo 201 fala que, em caso de os votos anulados serem o suficiente para alterar o resultado, serão realizadas novas eleições. Esta seria a jogada preparada por Bolsonaro para melar as eleições.
Barroso alerta que Forças Armadas são orientadas a alimentar dúvida sobre eleições
O ministro Luís Roberto Barroso já havia dito que as Forças Armadas estão sendo orientadas a alimentar a dúvida sobre as eleições deste ano.
Barroso não mencionou quem estaria orientando as Forças Armadas contra o processo eleitoral. No entanto, Bolsonaro já questionou, sem qualquer prova, a segurança das urnas eletrônicas, além de apontar risco de fraude nas eleições. O presidente também incentivou militares a questionarem urnas eletrônicas.
De acordo com o ministro, os "ataques" ao processo eleitoral são "totalmente infundados e fraudulentos". "Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?", questionou Barroso.