O ex-presidente Lula (PT) participou, nesta quinta-feira (21), de um ato político com jovens e lideranças comunitárias de Heliópolis, bairro da Zona Sul de São Paulo onde fica a maior favela da capital paulista.
O ato foi organizado pela União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS) e aconteceu na quadra da entidade. Um telão na parte de fora transmitiu todo o evento para as milhares de pessoas que vivem na comunidade.
A tônica do discurso de Lula foi o incentivo para que os jovens tirem o título de eleitor, cujo prazo para fazê-lo se encerra no dia 4 de maio, para participarem do processo eleitoral deste ano.
Em sua fala, o ex-presidente relembrou sua juventude humilde e revelou que, quando tinha por volta dos 16 anos, não se interessava por política.
"Quando eu tinha 16 anos, dizia que não gostava de política e não gostava de quem gostava. E achava isso o máximo. A gente se acha pleno de virtudes e vê os outros pleno de defeitos. Mas a gente precisa ter noção de que, se a juventude não participar da política, não quiser lutar, é muito difícil a gente mudar o país. Se as pessoas querem mudança e não participam, fica difícil", alertou.
O petista deu exemplos de efeitos que o não interesse pela política pode acarretar, lembrando que, na eleição de 2016, Fernando Haddad (PT) foi candidato à reeleição para prefeito na capital paulista com Gabriel Chalita como vice. "Dois educadores. E as pessoas votaram em João Doria, uma pessoa que não tem passado, não tem presente e não tem futuro", lamentou.,
Bolsonaro
Ao longo de seu discurso, Lula subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro. "Temos hoje o estimulador do ódio, da discórdia, vive enganando, inclusive gente boa da igreja evangélica, dizendo que ele é o bem. O Brasil nunca teve um presidente tão desqualificado moralmente, Um cara que não fala de emprego, de educação, de cultura, não fala de ciência e tecnologia, não fala nada. Só se alimenta do ódio que ele e a família dele transmitem todos os dias pelas fake news", declarou.
"Ele não é capaz de fazer uma passeata, faz motociata. Nunca recebeu uma comunidade, o movimento negro, LGBT, sindicato, nada. Esse cidadão não recebe empresário, governador, prefeito. Vive no mundo de mentiras que construiu", disse ainda o ex-presidente.
Papel do Estado
Lula convocou os jovens à participação no processo eleitoral para que cobrem do Estado a obrigação de fornecer igualdade de oportunidades.
"Cabe ao Estado garantir que as pessoas tenham a mesma igualdade de oportunidade. O que queremos é garantir que todos tenham oportunidades, que ninguém seja alijado da disputa porque nasceu negro, nordestino, filho de trabalhador (...) O Estado não tem que perguntar se você é negro, nordestino, LGBT ou filho de trabalhador. Tem que saber que a pessoa nasceu naquele pais e tem que garantir a ela a dignidade de estudar e trabalhar. É isso que o titulo de eleitor dá a oportunidade de fazer", ressaltou.
"Quem a gente conhecer que tem mais de 16 anos e não tirou o título de eleitor, temos que dizer que a pessoa não tem que querer comprar fuzil. Tire o título e dê um tiro nas coisas ruins para a gente mudar a história do país", finalizou.
Assista à íntegra do evento