O deputado federal Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade, cravou em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta quinta-feira (21), que o centrão no Congresso Nacional vai abandonar Jair Bolsonaro (PL) caso Lula (PT) vença as eleições e que o grupo político vai passar a compor a base de um eventual novo governo petista "em seis meses".
Com forte trânsito entre as figuras do centrão, o ex-sindicalista diz que "tem gente que não gosta e não sabe ser oposição. Em seis meses eles entram [para a base do governo Lula, se eleito]".
Na mesma entrevista, Paulinho ainda reafirmou seu apoio a Lula após ensaiar um rompimento com petista, tendo se encontrado, antes de selar as "pazes", com Aécio Neves e Eduardo Leite, ambos do PSDB, além de ter se reunido com o ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP).
"A gente chegou à conclusão de que o caminho está traçado agora. Nós combinamos uma reunião da Executiva [do Solidariedade] no próximo dia 3 para fazer um ato de apoio à candidatura dele", disse após reunião com Lula e a presidenta nacional do PT, deputada Gelisi Hoffmann.
Depois da cena, a reconciliação
Chegou ao fim na terça-feira (19) o "périplo das vaias" realizado por Paulinho da Força nos últimos dias. O presidente nacional do Solidariedade realizou conversas com diversas lideranças políticas após ter ficado ofendido com meia dúzia de vaias recebidas em um evento de sindicalistas com o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). O dirigente do Solidariedade se reuniu com Lula e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e confirmou que o partido estará com o petista nas eleições de outubro.
"Me reuni hoje com o ex-presidente Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que deixaram claro a importância do apoio do Solidariedade e a construção de uma ampla aliança com outros partidos para as próximas eleições presidenciais. Com isso, Lula me pediu para buscar novos apoios para juntos vencermos as eleições. Com união e diálogo, vamos lutar para recuperar o emprego e a renda do povo brasileiro", escreveu Paulinho no Twitter.
A deputada federal Marília Arraes (SD-PE), pré-candidata do partido ao governo de Pernambuco, enviou nota após o encontro confirmando que o partido decidiu que apoiará a candidatura de Lula à presidência.
O Solidariedade planejava anunciar o apoio oficial em evento que seria realizado dia 3 de maio. A atividade, no entanto, acabou suspensa após Paulinho ser vaiado por um pequeno grupo de sindicalistas na última quinta-feira (15).
O dirigente, então, decidiu flertar com outras "vias" e conversou com Ciro Nogueira (PP), ministro de Jair Bolsonaro (PL), e se reuniu com os tucanos Aécio Neves e Eduardo Leite, pré-candidato não-oficial do PSDB à presidência. Esse encontro gerou fortes críticas tendo em vista que Aécio foi um dos principais artífices do golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT).
Em postagem feita nesta terça, Gleisi celebrou a união com o Solidariedade. "Boa conversa com o companheiro Paulinho da Força, presidente do Solidariedade. Caminharemos juntos, construindo um amplo movimento com Lula para recuperar o Brasil", tuitou.
A Executiva do Solidariedade deve se reunir no mesmo dia 3 de maio para deliberar sobre apoio a Lula.