Uma divisão do Exército Brasileiro sediada em Cascavel, no Paraná, a 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, lançou um edital este ano para comprar 29 medicamentos. A licitação não chamaria a atenção e seria apenas mais uma se não fosse por um item: 120 caixas de Tadalafina 20mg, nome genérico do Cialis, um dos mais modernos e potentes fármacos para disfunção erétil, espécie de "irmão" mais novo e seguro da Sildenafila, o Viagra.
Enquanto o Viagra tem uma ação que dura no máximo 6 horas, o Cialis resulta em ereções por mais de 36 horas e com menos efeitos colaterais. O medicamento está disponível em doses de 5mg, para uso diário em pacientes com problemas leves de impotência, e em 20mg, a licitada pelo Exército, que é mais forte e com ação ainda mais prolongada para casos de disfunção erétil de comprometimento médio e grave.
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A licitação número 00024/2021, que traz como unidade gestora responsável a 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada do Exército Brasileiro, cotou o lote total do remédio por R$ 5.400, o que representa um preço aproximado de R$ 45 por caixa, que na dosagem de 20mg é encontrada com dois ou quatro comprimidos. O documento, disponível no portal da Transparência, não informa a quantidade de cada embalagem. O valor está dentro dos praticados nas farmácias brasileiras.
Ainda segundo o portal da Transparência, a situação do edital consta como “encerrado” e não há documentos disponíveis nos campos de “contratos” e “empenhos e pagamentos”, o que pode indicar que a licitação é muito recente ou que a compra não foi efetivada por uma série de razões. Quem forneceria o Cialis para o Exército é a Fernamed Ltda.
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Farra com dinheiro público
As denúncias sobre uso de dinheiro público para aquisição de itens nada bélicos ou de primeira necessidade por parte das Forças Armadas começaram no início de 2021, mas se acentuaram no último mês. Editais lançados pelo Ministério da Defesa e pelo Exército, Marinha e Aeronáutica compraram, ou tentaram comprar cortes luxuosos de carne, bebidas alcoólicas refinadas, remédios contra disfunção erétil, próteses penianas e gel lubrificante íntimo, entre outros, o que colocou os militares novamente como centro de um escândalo de benesses e regalias alimentado pelo governo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.