O presidente Jair Bolsonaro foi a Cuiabá nesta terça-feira (19) para participar do lançamento da Marcha Para Jesus, em mais um evento envolvendo evangélicos e absolutamente sem qualquer relevância para a administração pública e para a população brasileira. Lá, durante seu discurso, sempre recheado de dizeres religiosos hipócritas e um messianismo de botequim, o chefe de Estado extremista deu uma declaração que para uns pareceu insólita, enquanto para que para outros soou como profética.
“Me sinto um presidiário sem tornozeleira”, disse Bolsonaro.
O mandatário soltou a frase durante um momento em que lamentava a vida “de privações” que leva por ocupar o cargo mais alto da administração pública brasileira. Ele falou sobre a "dura vida" como presidente, embora seu mandato seja marcado por uma agenda de trabalho vazia e repleta de férias, feriados e finais de semana de lazer e luxo, com gastos exorbitantes pagos com dinheiro público.
“Agradeço a Deus pela minha vida e pela missão de estar à frente do Executivo federal. E se essa for a vontade Dele, nós continuaremos nesse objetivo, que não é fácil. Por melhor que seja a residência onde esteja, o Palácio da Alvorada, com tudo o que se possa imaginar, o silêncio, a solidão é ensurdecedora. Muitas vezes me sinto ali um presidiário sem tornozeleira eletrônica. Mas sei que estou colaborando com o meu país, tendo boas pessoas ao meu lado”, completou o presidente, sem especificar qual é sua colaboração na condução de um governo que mandou o Brasil de volta para o mapa da fome, instalou a maior crise socioeconômica da História e que vive atolado em escândalos de corrupção.
Presidiário?
Se Jair Bolsonaro não conseguir se reeleger na eleição de outubro, de fato, ele deverá ter problemas com a Justiça a partir de 1° de janeiro. Não se sabe se ele se tornará presidiário, mas acusações de crimes não faltam contra ele. Desde a condução criminosa que resultou em centenas de milhares de mortes de brasileiros durante a pandemia, passando pela terrífica política aplicada aos indígenas, até os casos de corrupção em vários de seus ministérios, tudo que vem ocorrendo nos mais de três anos de seu mandato caótico podem levar o líder ultrarreacionário para o banco dos réus.