O governo de Jair Bolsonaro (PL), definitivamente, vive em um mundo paralelo, onde qualquer comportamento, por mais absurdo que seja, é encarado com normalidade pelo presidente e sua equipe.
O recente escândalo da compra de 35 mil comprimidos de Viagra, com dinheiro público, pelas Forças Armadas, não abalou Bolsonaro e, tampouco, seu vice, o general Hamilton Mourão (Republicanos).
Em entrevista a Fabio Murakawa e Fernando Exman, no Valor Econômico, Mourão, em tom de deboche, defendeu a compra do medicamento usado, frequentemente, para disfunção erétil e afirmou que o “exagero” das críticas “é uma coisa de tabloide sensacionalista”.
“Lógico que está havendo exagero. Mesmo que seja para o cara usar [para disfunção erétil]. Vamos colocar como funciona o sistema de saúde do Exército: um terço é recurso da União, que é o chamado fator de custo, é a contrapartida da União para os militares. E dois terços é o fundo de saúde que é bancado pela gente. Então, eu desconto 3% do meu salário para o fundo de saúde. E todos os procedimentos que eu faço a gente paga 20%, além dos 3% que ele desconta. Nós temos farmácias. A farmácia vende medicamentos. E o medicamento é comprado com recursos do fundo. Então, tem o velhinho aqui [aponta para si próprio]. Eu não posso usar o meu Viagra, pô? O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada”, afirmou, sem o menor constrangimento.
Deputado que investiga gastos militares bizarros diz que governo tem muita corrupção
O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), autor das representações que cobram apuração sobre as compras de Viagra, próteses penianas, remédios para calvície e outros produtos no mínimo não prioritários pelas Forças Armadas, disse que o governo Bolsonaro, embora negue, está repleto de casos de corrupção. O parlamentar concedeu entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta quarta-feira (13).
O deputado afirmou que investiga compras bizarras feitas pelas Forças Armadas desde 2021. “Os primeiros casos se referiam à aquisição de filé mignon, picanha, cervejas, salmão, lombo de bacalhau, em quantidades absurdas. Isso enquanto parte da população come sopa de osso”, disse.
Ele continuou a apurar e acabou descobrindo a compra de Viagra e de próteses penianas. “No caso do Viagra, ainda há indícios de superfaturamento. Não dá para admitir. As Forças Armadas precisam respeitar os princípios da moralidade pública. Não é porque Bolsonaro tem paixão pelos militares que eles estão acima da lei”, apontou Vaz.