A forma como o agora ex-presidenciável Sergio Moro deixou o Podemos provocou ira e indignação nos antigos colegas de partido. Depois de ser classificado como traidor pelos senadores da antiga sigla, a cúpula acusa o ex-juiz de ter usado o salário recebido do Podemos para ir a São Paulo e se filiar ao União Brasil.
O Podemos gastou mais de R$ 288 mil com Moro. Pagou R$ 88 mil de salário, além de R$ 200 mil gastos no evento de lançamento da candidatura presidencial do ex-juiz, e bancou viagens do agora ex-presidenciável a vários estados do país e à Alemanha.
Assim, o ex-juiz se juntou ao partido que uniu DEM e PSL, que formaram a base inicial do governo de Jair Bolsonaro (PL). A troca ainda marca a infidelidade de Moro ao senador Álvaro Dias (Podemos), um dos poucos parlamentares remanescentes da defesa da Lava Jato.
Moro, que agora deve ser candidato a deputado federal, não comunicou que estava de saída do Podemos. Desde o fim de semana passado, o ex-juiz não faz contato com o grupo de parlamentares que articulavam sua candidatura à presidência.
Na manhã desta quinta (31), a informação chegou ao conhecimento de Renata Abreu, presidente do Podemos, e a indignação foi geral. O partido tem oito senadores, que classificaram Moro como traidor.
Os parlamentares chegaram a pedir a Moro que alterasse seu domicílio eleitoral para São Paulo, contando com a possibilidade de o ex-juiz concorrer ao Senado, uma vez que sua candidatura à presidência não decola nas pesquisas eleitorais.
Moro não quis mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo
Além disso, quem concorre ao Senado pelo Podemos no Paraná, estado de origem de Moro, é o líder do partido na Casa, Álvaro Dias. Porém, o ex-juiz não gostou da ideia de mudar seu domicílio eleitoral.
Na segunda-feira (28), Moro jantou com Luciano Bivar, presidente do União Brasil, sem que ninguém do Podemos soubesse. Simultaneamente, divulgou que sua esposa, Rosângela Moro, concorreria a uma vaga à Câmara dos Deputados por São Paulo. Porém, ela também trocou o Podemos pelo União Brasil.