ELEIÇÕES 2022

Com Lula, no PT, Requião diz que luta é contra "banca" que apoia Bolsonaro

"Entro no PT num movimento para resgatar o país desta dominação absoluta do capital financeiro e da banca", disse Requião em entrevista exclusiva à Fórum.

Lula, Roberto Requião e Gleisi Hoffmann.Créditos: Divulgação
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Um dia após anunciar sua filiação ao PT, no próximo dia 18, o ex-senador Roberto Requião disse que tomou a decisão que sempre toma: de se colocar contra os interesses do sistema financeiro e do imperialismo dos EUA que, segundo ele, apoia Jair Bolsonaro (PL) para retomar a dominação que perdeu durante os anos em que Lula e Dilma Rousseff estiveram na Presidência.

"Eu entro no PT, entro na frente, entro num movimento para resgatar o país desta dominação absoluta do capital financeiro e da banca", disse Requião na manhã desta segunda-feira (14) à Fórum.

Sobre a disputa eleitoral que se aproxima, Requião diz que gostaria de manter o debate nesse nível, mas há uma realidade imposta pela despolitização comandada por Bolsonaro que fará com que Lula tenha que se adequar.

Governador por três vezes do Paraná, Requião rejeita a tese que de que o estado, berço do lavajatismo, faça parte do nicho bolsonarista no sul do Brasil e diz que "não existe esse Paraná reacionário" - mesmo com os resultados das eleições de 2018, quando Bolsonaro obteve 68,43% dos votos válidos contra 31,57% de Fernando Haddad e venceu em 307 das 399 cidades da federação.

"Vamos ganhar essa eleição, como temos ganhado uma série dessas. O que saiu fora da curva foi a loucura da onda bolsonarista promovida pela grande mídia. Isso passou. E passou definitivamente", disse o ex-senador à Fórum sobre a candidatura de Lula ao Planalto e a dele próprio, que busca um quarto mandato no Palácio do Iguaçu, desta vez pelo PT.

Leia a entrevista na íntegra.

Fórum: O que foi decisivo para definir sua filiação ao PT?
Roberto Requião: O Brasil tem hoje uma situação que diz respeito à economia política polarizada. De um lado, o liberalismo econômico, o interesse geopolítico dos EUA e a influência pesada do capital financeiro. O povo em dificuldade incrível e os bancos tendo o maior lucro da história - do Brasil e do mundo. Eu tomei a posição que sempre tomo: o PT é o partido que está se opondo claramente a isso. O Lula tem uma empatia com a população impressionante. Aprendeu muito o período em que esteve preso. É hoje um quadro político que se opõe radicalmente ao imperialismo e ao domínio do nosso país. O Lula é a saída. Eu entro no PT, entro na frente, entro num movimento para resgatar o país desta dominação absoluta do capital financeiro e da banca. Espero que até o momento das convenções nós tenhamos, por parte do Lula de minha parte certamente, um programa possível, que seja sustentável do ponto de vista eleitoral e da implementação quando chegarmos de novo ao poder. O PT é o caminho, a federação é o caminho, o movimento é o caminho, Hoje a candidatura do Lula e a minha são muito mais candidaturas do movimento do que de um partido. Agora, minha empatia com o PT vem de muito longe, os quadros jogam o jogo que eu jogo, existem algumas discordâncias, mas são discordâncias que existem em qualquer partido democrtátivo.

Fórum: Como analisa o cenário eleitoral? Pesquisas mais recentes mostram um modesto crescimento de Bolsonaro. Qual estratégia Lula e o PT devem seguir?
Requião: O crescimento do Bolsonaro em virtude da despolitização do eleitor brasileiro decorre dessas perquenas medidas compensatórias, muitas das quais de iniciativa do PT e não dele. É um vale-gás, bolsa isso, bolsa aquilo. Mas, acredito que ele está irreversivelmente derrotado. O que não vejo é surgir uma terceira força. A eleição está polarizada. É o movimento que apoia a candidatura de Lula e do outro lado, a máquina e o interesse do capital financeiro apoiando Bolsonaro. Vamos ganhar com tranquilidade essa eleição.

Fórum: O Paraná é um estado-chave nessas eleições, já que é o berço do lavajatismo e está inserido entre os estados que mais deram votos a Bolsonaro. Como será sua atuação na campanha de Lula no Estado? Acredita que a memória da população paranaense sobre seus três mandatos pode auxiliar?
Requião: A sua pergunta se suporta numa desinformação. Eu me elegi com tranquilidade três vezes governador do Paraná, duas vezes no Senado da República e derrotei lá atrás o ícone da direita pensante do Brasil, que era o Jaime Lerner, que era um belo arquiteto, mas sem sensibilidade social. Vocês vivem com essa lenda, esse mito do Paraná reacionário. E não existe esse Paraná reacionário. O Paraná é tão sensível às propostas populares, à identidade dos políticos com a população e à fraternidade como qualquer outro estado. Vamos ganhar essa eleição, como temos ganhado uma série dessas. O que saiu fora da curva foi a loucura da onda bolsonarista promovida pela grande mídia. Isso passou. E passou definitivamente.

Fórum: No vídeo em que divulga sua filiação ao PT e a candidatura ao governo do Estado, o senhor fala muito da questão da Petrobras. Como vê a questão econômica no Brasil - dominada pelo neoliberalismo predatório - e como isso deve ser pautado na campanha eleitoral?
Requião: Eu pessoalmente acredito que devemos retomar definitivamente a Petrobras. A Petrobras er responsável por 80% dos investimentos do Brasil até agora há pouco e hoje está tendo lucros fantásticos em favor de seus acionistas. Eu não posso imaginar que possamos progredir com a Eletrobras privada. E nós temos que garantir também que o Banco do Brasil tenha um domínio do interesse nacional e não de acionistas da bolsa de Nova York. Por outro, lado nada contra a existência da banca privada, desde que o Banco Central esteja sob o controle e submetido a um projeto de desenvolvimento nacional. Mas, infelizmente esses temas não serão temas fundamentais da campanha em função da despolitização do povo. O Lula tem tentado resumir isso em três refeições por dia. Eu desejo mesmo que a gente avance sob pena de avançarmos no eleitorado despolitizado - ou não - e perdermos uma parte do eleitorado politizado, que também já é significativo no Paraná e no Brasil. Queria mais consistência programática nas posturas que colocaremos na campanha eleitoral. Mas, vamos em frente. Temos uma realidade de despolitização no país.

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