“Essa é a nova política?” Foi com esta pergunta que o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) encerrou um tuíte na manhã deste domingo (13), ao comentar a autorização obtida pelo Ministério Público para aprofundar investigações que apuram investigações em transações milionárias e de lavagem de dinheiro envolvendo o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan dos Santos.
Não é para menos
A indignação do deputado não é para menos. Entre outras coisas, Renan e sua família são acusados de usar como “laranja” para fazer transações milionárias o nome de Rosalina Maia, de 53 anos, moradora de um sobrado na Vila Liviero, na periferia da zona sul de São Paulo, como sócia em uma empresa da família.
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No papel, a empresa Angry Cock aparece em nome de Rosalina e está sediada em um bairro humilde na cidade de Simões Filho, na Bahia. Mas de fato, foi usada por Renan e sua irmã, Stephanie, para movimentar R$ 1,8 milhão.
Os dados são da Operação Juno Moneta, de 2020, deflagrada para investigar a família do líder do MBL por suspeita de lavagem de dinheiro.
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O Ministério Público identificou transações financeiras de R$ 1,3 milhão entre a Angry Cock e outras empresas, e pediu uma quebra de sigilo mais detalhada. A Justiça autorizou, mas as informações ainda não foram enviadas pelos bancos.
O Estadão teve acesso também a relatórios de busca e apreensão e de análises de quebra de sigilo bancário da Operação Juno Moneta. Segundo dados da Receita Federal, Renan e familiares são donos de empresas quebradas e inativas que somam R$ 396 milhões em dívidas.
Em um dos relatórios, o Fisco diz que o “segredo do sucesso” da família é “simples”: “Eles não declaram nem pagam os tributos devidos, e, com isso, enriquecem com a apropriação indevida dos tributos pagos pelos consumidores finais”. Mesmo inativas e abarrotadas de dívidas, as empresas movimentam valores vultosos e fazem depósitos nas contas da família Santos.
A Justiça autorizou e os investigadores aguardam resposta dos bancos para análise da quebra de sigilo.
Governo do estado
O Ministério Público cumpriu também mandados de busca e apreensão na residência de Alessander Monaco. Empresário do ramo de tecnologia da informação, ele teria tido apoio do MBL para ser nomeado no governo do Estado.
Em 2019, Monaco conseguiu um cargo na Imprensa Oficial. Segundo a Receita Federal, em três anos ele fez movimentações de R$ 3,6 milhões – valor incompatível com seus rendimentos. Todo mês, Monaco doava R$ 6 mil ao MBL.
Renan foi acusado de tráfico de influência em benefício deste empresário, mas a acusação contra ele foi rejeitada pela Justiça.
O outro lado
A defesa do coordenador do MBL, Renan dos Santos, afirmou, em nota ao Estadão, que “não há qualquer irregularidade em sua atuação”. Os advogados disseram que a Justiça negou a denúncia contra o líder do MBL “por absoluta falta de indícios de qualquer ilegalidade”. A rejeição da acusação formal, no entanto, se refere ao crime de tráfico de influência.
Renan ainda é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro. “Todos os esclarecimentos foram prestados aos órgãos públicos. Ele está à total disposição de qualquer órgão público, para esclarecer eventuais dúvidas sobre os fatos, que nada têm de irregulares”, declarou a defesa.
A advogada Marina Coelho Araújo, que defende Alessander Monaco, disse que as denúncias do Ministério Público por fraude à licitação são “absurdas”.
Com informações do Estadão