O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência, usou as redes sociais nesta terça-feira (8) para comentar sobre o fato de Bruno Aiub, conhecido como Monark, ter defendido a existência de um partido nazista no Brasil durante o Flow Podcast, apresentado por ele. Ciro condenou a declaração, mas acabou passando pano para Monark.
Depois, Ciro mudou o discurso e disse que Monark "frequentou o limite do crime".
"Sob nenhum pretexto se pode defender a criação de um Partido Nazista. O nazismo é a negação não apenas da democracia mas da própria vida. Houvesse um pouco mais de leitura e um pouco menos de vontade de chocar, que é próprio da juventude, Monark não teria cometido este tão grosseiro erro", escreveu Ciro no Twitter.
"A tolerância, grande virtude humana, e o respeito ao pluralismo e à liberdade de expressão, não podem ser de tal forma largos que permitam a existência de organizações e ideologias que as destruam", completou.
A posição de Ciro de amenizar a responsabilidade do apresentador na fala foi bastante criticada nas redes. Monark tem 31 anos, já fez outros comentários que foram bastante criticados anteriormente e lucra justamente com as opiniões - ruins e, nesse caso, criminosas - que emite.
"Que juventude, Ciro? Que juventude? Um cara de 30 anos falando merda na internet e vamos pautar a questão pelo viés da juventude? Homens são homens, chega de serem infantilizados para se eximirem da responsabilidade sobre o que dizem", escreveu a linguista Jana Viscardi.
"Ciro, sua fala me lembra o tanto de vezes que me pediram pra relativizar a fala do meu debatedor pq ele era "um menino". Um marmanjo da minha idade! O cara tem mais de 30 anos nas costas! Não dá não...", comentou a cientista política Gabriela Priolli.
"Porque as pessoas acham que é falta de leitura? É opinião, mesmo tendo conhecimento, não é falta de leitura. Diversos nazistas estudam, lêem livros, não é falta de leitura. Porque vocês querem minimizar uma posição nazista tratando um algo apenas 'equivocado'? Branco nunca são pessoa ruins, sempre tem o benefício da dúvida, são só uma pessoa ignorante", escreveu o sociólogo Wescrey Portes.
Após ser alvo de críticas nas redes, Ciro comentou sobre o episódio no programa Ciro Games, onde foi mais firme contra a declaração de Monark, apesar de dizer que gosta muito do Flow Podcast. Assista abaixo:
Atualização às 21h20
Monark é alvo de ação no MP após defesa de partido nazista
O coletivo Judeus e Judias pela Democracia de São Paulo entrará com representação criminal contra Monark para que ele seja investigado pelos crimes de apologia ao nazismo, incitação à violência, injúria racial e intolerância religiosa. As ações serão encaminhadas ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Ministério Público Federal (MPF) e Procuradoria-Geral do estado de São Paulo.
Através das redes sociais, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou a fala de Monark e a classificou como apologia ao nazismo. “Qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena. O discurso do ódio contraria os valores fundantes da democracia constitucional brasileira. Minha solidariedade à comunidade judaica”, escreveu o magistrado. O ministro Alexandre Moraes também se manifestou no mesmo sentido.
O crime de apologia ao nazismo é previsto pela Lei 7.716/1989, e estabelece como pena reclusão de dois a cinco anos e multa.
À Fórum, a antropóloga Adriana Dias, pesquisadora e especialista no fenômeno do neonazismo, explicou que o nazismo não pode ser tratado como liberdade de opinião. “Dar voz a uma minoria, a um partido nazista, não é dar voz a uma liberdade de opinião, porque rapidamente grupos radicais como o partido nazista, usam de todas as ferramentas possíveis e terríveis de violência para chegar ao poder e destruir todas as outras minorias”, atestou.