Marcelo Ramos diz que PSD está mais próximo de Lula do que de Bolsonaro

O vice-presidente da Câmara anunciou que irá se filiar ao PSD na próxima semana

Marcelo Ramos | Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
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Um dia depois de anunciar filiação ao PSD de Gilberto Kassab, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (Sem Partido-AM), comentou sobre a posição do partido diante das eleições presidenciais de outubro.

Ramos, que integrava o Partido Liberal (PL) e acabou rompendo com a legenda com a entrada do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que enxerga o PSD mais próximo do ex-presidente Lula (PT) do que do atual mandatário. Ele, no entanto, ponderou que a legenda possui um pré-candidato ao Planalto, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso.

“Não tenho dúvidas e, se tivesse, não teria me filiado, de que em um 2º turno como esse, o PSD está muito mais próximo do que significa o Lula do que o que significa o Bolsonaro para o futuro do Brasil”, disse em entrevista à jornalista Mariana Haubert, do Poder360.

No entanto, Ramos acredita que seja difícil o ingresso do partido na coligação de Lula no primeiro turno. O ex-presidente tem mantido conversas com Kassab para tentar atrair a legenda.

O deputado disse ainda que se filiou ao PSD por entender que "é um partido que não tem risco de se aproximar de Bolsonaro".

Nos últimos dias a legenda deu uma mostra disso ao reprovar a escolha do senador Alexandre Silveira de Oliveira (PSD-MG) como líder do governo Bolsonaro. Diante da posição do partido, ele, que era suplente e acaba de tomar posse como senador, recusou a posição. Marcos Rogério (PL-RO) deve assumir a liderança do governo.

Ramos conseguiu desfiliação do PL através do TSE

Em dezembro, Ramo conseguiu uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que lhe garantiu o direito a se desfiliar do PL sem perder o mandato de deputado. Ramos possuía divergências profundas com Bolsonaro e chegou a pedir o impeachment do presidente.

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, foi quem atendeu ao pleito de Ramos, que levou documentos que mostram que ele era persona non grata na legenda e sofria assédio de correligionários. O ministro reconheceu que a filiação de Bolsonaro promovia uma profunda mudança de rumo no PL, o que afetava o deputado.

“Uma mudança substancial de rumo no partido pode afetar essa identidade. Se isso se der às vésperas de um ano eleitoral, o fato se torna mais grave, sendo que a demora na desfiliação pode causar ao futuro candidato dano irreparável”, disse o ministro.

Marcelo Ramos queria impeachment de Bolsonaro

Quando a ida de Bolsonaro para o PL ainda não havia sido oficializada, Ramos já sinalizava que não pretendia dividir palanque com o mandatário. “Eu não tenho como negar que é uma condição absolutamente incômoda para mim. Vou ter que esperar a confirmação disso para avaliar o que fazer. Eu também não tenho dúvida de que o presidente da República é mais importante para o partido do que um deputado federal do Amazonas, mas, por outro lado, não tenho dúvida de que o futuro do país é mais importante do que o projeto de qualquer partido”, disse Ramos, em novembro.

“O que está em jogo não é a minha reeleição, isso é muito menor do que termos um país capaz de superar a tragédia de 600 mil mortos, de 15 milhões de desempregados, de 20 milhões com fome, de 120 milhões com insegurança alimentar, de inflação a 10,5% projetada, de juros a longo prazo em 12%… não posso achar que um presidente desse é bom para o país. Não posso trocar a facilidade da minha eleição pelo desastre do país que escolhi como meu”, declarou Ramos.

Em 9 de setembro, dois dias após os atos golpistas do 7 de setembro, Ramos defendeu o impeachment de Bolsonaro durante entrevista ao Jornal da Fórum. “A nota do presidente Bolsonaro não pode apagar a irresponsabilidade dele até aqui, nem os crimes já cometidos. Ele não tem nenhuma condição de dar respostas à crise que ele criou”, declarou Ramos em entrevista ao jornalista Luís Costa Pinto.

Ele pregou a “unidade nacional pela democracia” e disse que estaria presente em atos a favor do impeachment. “Estamos em um momento igual aos da Diretas Já, da união dos democratas contra a barbárie”, disse.