Vice-presidente da Câmara vai para o PSD de Kassab

O deputado Marcelo Ramos decidiu deixar o PL após a entrada de Bolsonaro; o vice-presidente da Câmara defendia o impeachment do chefe do Executivo

Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
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O deputado federal Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara dos Deputados, decidiu se filiar ao PSD, de Gilberto Kassab, nos próximos dias. Ramos integrava o Partido Liberal (PL) e acabou rompendo com a legenda com a entrada do presidente Jair Bolsonaro.

"Em conversa ontem com o presidente Gilberto Kassab e o líder deputado Antônio Brito decidi pela minha filiação ao PSD que será efetivada na semana que vem", anunciou Ramos pelo Twitter nesta quinta-feira (3).

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI do Genocídio, celebrou o ingresso do deputado. "Mais um importante defensor da democracia plena confirmou que vai se filiar ao PSD. O amigo e companheiro de luta Marcelo Ramos anunciou que oficializará a ida ao partido na próxima semana", escreveu no Twitter.

"Como um dos fundadores do PSD e presidente no Amazonas, com muita honra e alegria, dou as boas-vindas ao Marcelo, grande político e deputado federal, vice-presidente da Câmara, que somará ainda mais ao trabalho que temos desenvolvido no Congresso Nacional", completou.

Ramos conseguiu desfiliação do PL através do TSE

Em dezembro, Ramo conseguiu uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que lhe garantiu o direito a se desfiliar do PL sem perder o mandato de deputado. Ramos possuía divergências profundas com Bolsonaro e chegou a pedir o impeachment do presidente.

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, foi quem atendeu ao pleito de Ramos, que levou documentos que mostram que ele era persona non grata na legenda e sofria assédio de correligionários. O ministro reconheceu que a filiação de Bolsonaro promovia uma profunda mudança de rumo no PL, o que afetava o deputado.

“Uma mudança substancial de rumo no partido pode afetar essa identidade. Se isso se der às vésperas de um ano eleitoral, o fato se torna mais grave, sendo que a demora na desfiliação pode causar ao futuro candidato dano irreparável”, disse o ministro.

Marcelo Ramos queria impeachment de Bolsonaro

Quando a ida de Bolsonaro para o PL ainda não havia sido oficializada, Ramos já sinalizava que não pretendia dividir palanque com o mandatário. “Eu não tenho como negar que é uma condição absolutamente incômoda para mim. Vou ter que esperar a confirmação disso para avaliar o que fazer. Eu também não tenho dúvida de que o presidente da República é mais importante para o partido do que um deputado federal do Amazonas, mas, por outro lado, não tenho dúvida de que o futuro do país é mais importante do que o projeto de qualquer partido”, disse Ramos, em novembro.

“O que está em jogo não é a minha reeleição, isso é muito menor do que termos um país capaz de superar a tragédia de 600 mil mortos, de 15 milhões de desempregados, de 20 milhões com fome, de 120 milhões com insegurança alimentar, de inflação a 10,5% projetada, de juros a longo prazo em 12%… não posso achar que um presidente desse é bom para o país. Não posso trocar a facilidade da minha eleição pelo desastre do país que escolhi como meu”, declarou Ramos.

Em 9 de setembro, dois dias após os atos golpistas do 7 de setembro, Ramos defendeu o impeachment de Bolsonaro durante entrevista ao Jornal da Fórum. “A nota do presidente Bolsonaro não pode apagar a irresponsabilidade dele até aqui, nem os crimes já cometidos. Ele não tem nenhuma condição de dar respostas à crise que ele criou”, declarou Ramos em entrevista ao jornalista Luís Costa Pinto.

Ele pregou a “unidade nacional pela democracia” e disse que estaria presente em atos a favor do impeachment. “Estamos em um momento igual aos da Diretas Já, da união dos democratas contra a barbárie”, disse.