O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) sinalizou que as informações de bastidores procedem e que mantém, sim, conversas com o general Hamilton Mourão para possível formação de uma chapa na corrida à presidência. Na noite desta quinta-feira (24), Moro, que é pré-candidato ao Palácio do Planalto, celebrou a filiação do vice de Bolsonaro ao Republicanos.
"Parabéns ao Vice-Presidente General Hamilton Mourão, uma voz sensata na República, pela filiação ao seu novo partido, o Republicanos, presidido pelo deputado federal Marcos Pereira", escreveu o ex-magistrado, que diariamente critica o chefe de Mourão e seu ex-chefe, Jair Bolsonaro (PL).
A declaração de Moro foi feita poucas horas após Bolsonaro desautorizar uma fala de Mourão sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. O vice havia criticado as operações militares russas no país vizinho e comparou o presidente russo Vladimir Putin ao líder nazista Adolf Hitler.
"O artigo 84 da Constituição deixa isso bem claro: quem fala desse tipo de assunto é o presidente. E o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso, ele está falando algo que não deve. Não é de competência dela, é de competência nossa. Quando é que eu falo sobre Rússia e Ucrânia? Eu falo depois de ouvir o ministro ministro Carlos França, das Relações Exteriores, e o da Defesa, Braga Netto. A decisão é minha, mas eu quero ouvir pessoas que realmente são ministros para tratar desses assuntos. Nós somos da paz, nós queremos a paz", disparou Bolsonaro durante live nas redes sociais.
O gesto de Moro em elogiar Mourão, portanto, soa como uma tentativa de trazer o vice-presidente, cada vez mais isolado por Bolsonaro, para a sua candidatura de "terceira via". O próprio Mourão já havia afirmado que Moro é "o único candidato da terceira via com capacidade de vingar".
Por hora, o general afirma que será candidato ao Senado pelo estado do Rio Grande do Sul.
Mourão candidato ao Senado?
Escanteado na vice-presidência nos últimos três anos e sem perspectivas de ser convidado para disputar o cargo, o general Hamilton Mourão vai deixar o PRTB para se filiar ao Republicanos, partido controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo.
A mudança faz parte dos planos de Mourão, de se lançar candidato ao Senado nas eleições no Rio Grande do Sul com o apoio de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo informações da CNN, o acerto de Mourão aconteceu diretamente com Marcos Pereira, presidente do Republicanos, que nesta criticou Bolsonaro e ameaçou deixar a base do governo em conversa com Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que coordena a pré-campanha do pai.
Durante a conversa, o dirigente deixou claro que o Republicanos só tem dois caminhos na mesa: apoiar a reeleição de Bolsonaro ou ficar neutro. Pereira relatou a Flávio que, hoje, tem crescido dentro do partido a adesão à neutralidade na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022.