PETRÓPOLIS

Ministro de Bolsonaro culpa ocupações irregulares por tragédia em Petrópolis

Governo Bolsonaro, no entanto, tem excluído os mais vulneráveis do programa Casa Verde e Amarela, de acordo com especialista

Bairro Castelânea, em Petrópolis.Créditos: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirmou em entrevista ao UOL, nesta quinta-feira (17), que "problemas ligados ao clima", como os que ocorreram em Petrópolis (RJ), acontecem não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Na visão de Marinho, "temos hoje uma tragédia anunciada, com mais de 100 anos de ocupação irregular nas nossas cidades". "São residências que estão em encostas, áreas passíveis de alagamento, de risco, entre outros fatores", afirmou.

De acordo com ele, "nem Tóquio ou Nova York" resistiriam ao volume de chuvas que caiu no município da Região Serrana.

Desmonte de programa de habitação

Para o presidente da Federação Nacional da Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, o governo de Jair Bolsonaro (PL), desde o início de sua gestão, tem excluído os mais vulneráveis às margens do programa Casa Verde e Amarela.

Takemoto lembra que o programa entrou no lugar o Minha Casa Minha Vida, que em uma década financiou moradia própria para mais de 12 milhões de pessoas:

“Porém, no governo Bolsonaro o programa foi alterado e virou o Casa Verde e Amarela, que não apenas aumentou a renda mínima mensal exigida para os financiamentos como também passou a cobrar juros de até 8,16% ao ano nas linhas de crédito. Ou seja, Bolsonaro não apenas dificulta o acesso das pessoas de baixa renda como aumenta as chances delas se endividarem ainda mais com os empréstimos. Isso, vale ressaltar, num momento em que as taxas de desemprego alcançam altas históricas, com mais de 14 milhões de brasileiros sem trabalho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, afirmou.

Takemoto lembra ainda que, “em 2019, foi anunciada a extinção da Faixa 1, voltada para famílias com renda até 1,8 mil e que em dez anos entregou mais de 1,5 milhão de moradias, com 90% de subsídio médio. Se o déficit habitacional que afeta o segmento já era grande na época, a situação ficou ainda mais preocupante com a pandemia. Segundo o IBGE, são mais de 200 mil pessoas morando nas ruas, e a tendência é que o número aumente”.