Dias após se reunir com Sergio Moro (Podemos), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) abriu fogo contra o PT na tentativa de implodir a federação entre os dois partidos em torno da candidatura Lula (PT) à Presidência da República.
Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (16), Casagrande atacou os petistas dizendo que são "arrogantes" e que agem como "guardiães da pureza".
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Após classificar como "muito trovão e chuva nenhuma" as reações ao encontro com Moro, principalmente por parte de petistas, Casagrande disse ser contra a federação entre as siglas.
"Agora, eu sou contra federação de um modo em geral. É um pedaço do passado que carregaram para o futuro", afirmou o governador do Espírito Santo ressaltando que, além de Moro, recebeu outros pré-candidatos e vai receber André Janones (Avante).
"Minha tarefa como governador é fazer esse debate. E parece que algumas lideranças são guardiãs da pureza ideológica", afirmou, alfinetando petistas.
Em seguida, Casagrande disse que ainda não se reuniu com Lula - "mas na hora que ele vier aqui, se quiser conversar comigo, será uma alegria" - e que o PSB só apoiaria Ciro Gomes (PDT), além do petista.
"O PSB trabalha só com duas alternativas, é Lula ou Ciro. Está muito mais para a alternativa do Lula hoje, mas trabalha essas duas alternativas", disse.
Na sequência, indagado se seria dissidente caso o PSB apoie Lula, Casagrande voltou a subir o tom.
"Eu tenho 34 anos de PSB. O que me assusta é o autoritarismo de algumas pessoas que reagem de forma arrogante e prepotente devido a uma conversa [com Moro]".
Em entrevista ao jornal O Globo na sexta-feira (11), a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, considerou o encontro marcado para o dia posterior "muito ruim".
"Achei muito ruim o fato de o Casagrande ter se encontrado com o Moro. Você não serve a dois senhores", disse a deputada.
Indagada se a reunião inviabiliza a aliança entre PT e PSB, Gleisi disse que não, mas ressaltou o mal estar que poderia causar - o que de fato ocorreu.
"Realmente torna a coisa mais azeda, mais difícil. É uma sinalização política ruim. Estamos falando de um projeto e o PSB está na discussão da federação".
À Folha, Casagrande disse, no entanto, que não estava falando diretamente de Gleisi, mas "de todos que falaram nesse formato, que condenaram uma conversa, que condenaram um diálogo".