Que os militares historicamente não são muito chegados aos ares democráticos no Brasil, isso não é novidade. Os militares bolsonaristas, então, nem se fala. Mas o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), senador eleito, resolveu ir um pouco além e disse numa entrevista à CNN Brasil que tem incentivado Jair Bolsonaro (PL) a entregar a faixa ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A intenção até parece bem democrática e civilizada, mas o general disse que o fez aconselhando o futuro ex-presidente a dar um recado “no ouvidinho” de seu sucessor, com a intenção clara de amedrontá-lo.
“Sou um fã do Winston Churchill. Ele disse que na vitória nós temos que ser magnânimos e na derrota temos que ser altivos e desafiadores. Então, que o presidente, em um gesto altivo e desafiador, entregue a faixa ao novo presidente, o Lula, e diga no ouvidinho dele: 'fica atento que eu vou tá olhando tudo aquilo que você tá fazendo'”, contou o vice-presidente de Jair Bolsonaro.
A revelação de Mourão parece ter dois problemas para poder ser encarada como “normal”. O primeiro é o fato de que Jair Bolsonaro não é dono do Brasil, nem da Presidência da República. Lula, aliás, ocupou o posto por oito anos muito antes dele. O outro é achar que Bolsonaro está em condições de fiscalizar alguém que assuma o governo depois de uma gestão catastrófica e caótica que demoliu os pilares e a estrutura da administração federal de uma forma jamais vista.