Um grupo que se reivindica como célula do Anonymous no Brasil promoveu nesta sexta-feira (30) um ataque hacker e invadiu o site oficial da prefeitura de Brumadinho (MG) com um texto e vídeo em que expõe supostas ligações entre o governo Bolsonaro e articulação de atos terroristas no país.
"O site de Brumadinho, berço de uma tragédia sem precedente, é o palco para expor nossa Op Fim de Jogo. Na qual mostramos a ligação de Bolsonaro, GSI e Gen. Heleno no financiamento e incitação dos movimentos bolsonaristas e os ataques terroristas", diz o anúncio do grupo.
Na página que antes havia informações sobre a prefeitura de Brumadinho, consta agora um longo texto detalhando como, supostamente, figuras do atual governo e o próprio Bolsonaro estariam por trás de atos de violência promovidos por bolsonaristas com o objetivo de desestabilizar a democracia brasileira.
Em 13 de dezembro, reportagem exclusiva da Fórum trouxe um depoimento de um servidor da Polícia Federal lotado no gabinete da presidência da República apontando supostas ligações entre o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado pelo General Augusto Heleno, e a noite de terror promovida por radicais apoiadores de Bolsonaro no início do mês em Brasília, quando ônibus e veículos foram incendiados na capital federal.
O texto dos hackers vai na mesma linha e adiciona supostas relações entre o governo e a tentativa de atentado terrorista com explosivos colocados em um caminhão-tanque cheio de combustível próximo ao aeroporto de Brasília na véspera do Natal. O grupo ainda alerta que o GSI teria criado uma estrutura para espionar o futuro governo Lula (PT) e manter a articulação de atos violentos.
"Numa escalada de poder silenciosa, percebe-se que o militarismo e, claro, bolsonaristas querem estar presentes em todos os setores do próximo Governo, com intuito de obter informações sensíveis e sigilosas", dizem os hackers.
"O que aconteceu em Brasília no dia 12 e 24 de dezembro, e ao longo de 2 meses, foi a demonstração de que não podemos fechar os olhos diante dessas organizações extremistas mesmo com o fim do desgoverno Bolsonaro (...) Fica evidente o envolvimento e o financiamento do movimento bolsonarista por parte da máquina estatal e a interação e participação direta de Bolsonaro, seus ministros e do GSI comandado pelo General Heleno", afirmam ainda.
Confira abaixo a íntegra do texto postado no site de Brumadinho após a invasão
"Saudações cidadão do mundo, Saudações cidadão do Brasil.
Brumadinho tem um significado especial, ainda sentimos a falta de cada um que se foi e não foi encontrado, mas hoje a conversa é sobre outro assunto mais sério. Nas últimas semanas acompanhamos mais do que bolsonaristas fazendo bolsonarices. São ações terroristas que estão sendo incentivadas e financiadas pelo governo e pelos empresários bolsonaristas, muito deles estão presentes no grupo Empresários e Política, de Daniel Fuks. Bombas são implementadas com dinheiro público. Arsenais militares com armas clandestinas são financiados por megas empresas como a Base Armalite, onde Eduardo Bolsonaro visita sempre a negócios do pai, empresários que se escondem, se camuflam em esquemas com laranjas. Ações terroristas sendo ignoradas, negligenciadas, e até mesmo apoiadas por eles, também por órgãos ditos de segurança pública, como a polícia militar e a polícia rodoviária federal, que ficou famosa pelas ações de Silvinei Vasques, este que já realizamos um exposed e vocês podem acessar em nosso site. Bolsonaristas estão unidos para realizar um atentado, em que ninguém sabe de onde vem o dinheiro que financia as ações. Mas nós sabemos tudo que vocês escondem, nós estamos em todos os lugares!
Nós sabemos qual é o papel do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nessa história. Nós sabemos como o General Heleno está mexendo os pauzinhos para financiar o golpe. Nós sabemos quem são vocês e seus laranjas. Sabemos o que vocês fizeram com suas empresas. Nós sabemos das suas ligações com todos que fizeram Manaus de laboratório e as milhares de vítimas que foram cobaias de um experimento mortal. Nós sabemos como vocês se organizaram para promover a instabilidade dos poderes em benefício próprio. Não vai passar em vão.
Comecemos pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) ministrado pelo general da reserva Augusto Heleno, um dos braços direito de Jair Bolsonaro. Heleno fez mais do que usar da sua notoriedade para disseminar fake news, desinformação e discurso de ódio. O GSI, ironicamente coordenado por Gal. Heleno, tem entre suas responsabilidades “segurança da informação e comunicação; analisar e acompanhar questões com riscos à estabilidade institucional”. No cargo, o general é responsável, na verdade, por viabilizar e criar mecanismos institucionais para validar o golpe e seus esquemas. Usa da estrutura do Estado para distorcer questões de segurança e como consequência corrompem e estabilidade institucional do Estado Democrático de Direito. Segue abaixo os setores cooptados pelo General Heleno e membros da extrema-direita, no flerte com o golpismo e na busca por manter Bolsonaro no poder.
Além de colocar membros do exército, como o Gladstone Barreira Júnior, em cargos estratégicos, Heleno vem desde 2019 modificando e ampliando as atribuições do GSI visando a manutenção do autoritarismo sonhado por eles. Com a lei 13.844/2019 foi confiado ao Gabinete de Segurança Institucional funções e atribuições de espionagem e fiscalização de outros órgãos e Ministérios. Algo visível apenas para aqueles que sabem ler nas entrelinhas. Valendo-se disso, O GSI tem publicado diversas portarias e resoluções com fins de colocar servidores, sob sua coordenação e subordinação, em todos os Ministérios e setores estratégicos do governo para a elaboração de relatórios. A mais recente resolução publicada merece especial atenção: a RESOLUÇÃO ACREDEN/GSI-PR Nº 23, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2022.
Alguns setores receberam especial atenção porque os Grupos Técnicos terão em sua composição servidores da Secretaria de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional e da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), são eles: setor de Energia Elétrica; setor de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; setor de Transportes Aéreos; setor de Transportes Terrestres; área prioritária de Biossegurança e Bioproteção; setor de Governo Digital; setor de Finanças; setor de Transportes Aquaviários; e setores de Telecomunicações, de Radiodifusão e de Serviços Postais.
Não menos importante é que todos os membros que comporão os Grupos Técnicos deverão ser indicados em até 10 dias corridos da data da publicação da Resolução por cada órgão e/ou instituição abrangida pela Resolução, ou seja, antes do fim do Governo Bolsonaro. Numa escalada de poder silenciosa, percebe-se que o militarismo e, claro, bolsonaristas querem estar presentes em todos os setores do próximo Governo, com intuito de obter informações sensíveis e sigilosas.
Um adendo importante nessa história é que esses Grupos Técnicos têm sido criados desde 2019 com a ampliação das atribuições do GSI. Essa resolução do dia 16 de dezembro, não foi a primeira a ser publicada. Elaboraram relatórios sobre Abastecimento de águas; sobre avaliação de riscos de barragens de usos múltiplos e rejeitos minerais; Política Nacional de Fronteiras, avaliaram infraestruturas críticas do setor Ferroviário.
Por ora, é válido observar quais as intenções ao estarem presentes na elaboração do Projeto de construção de laboratório de Biossegurança e Proteção nível NB4. Laboratório esse que envolve o uso de agentes exóticos e perigosos que expoem o indivíduo à um alto risco de contaminação e infecção que podem ser fatais, e que já era de interesse do Ministério da Defesa desde 2021. É válido, também, analisar e comparar como tais resoluções impactam em questões como o rompimento da barragem de Mariana, a tal da ameaça comunista e as mídias de desinformação.
Pensando no quadro geral, vemos um governo que se fundamentou no ódio, no nacionalismo errôneo, em fundamentações lunáticas e religiosas para consolidar sua força de ação. Bolsonaro, através de discursos golpistas junto com sua equipe e, principalmente, general Heleno do GSI , incentivaram os movimentos bolsonaristas a agirem para que pudessem ter um apoio social em suas aventuras de usurpação do poder. Para tal, se utilizaram da fraude das urnas, do fantasma do comunismo, da ideologia de gênero e entre outras loucuras amplamente divulgadas pelas máquinas de fake news.
Com toda essa consolidação de apoio do Estado em relação aos movimentos bolsonaristas, temos então diretamente a aprovação do órgão mais forte da nação às ações radicais e terroristas propagadas pelos seus seguidores. Isso se confirma pela inação e falta de investigação sobre os envolvidos por parte de seus ministros e pelo procurador-geral da república. Além da inação, vimos até a participação direta de membros do GSI nos movimentos, propagando ameaças e agindo diretamente nas manifestações pelo golpe militar. O que é totalmente imoral e ilegal perante os princípios constitucionais de seus devidos cargos.
QG, terrorismo e bomba
Desde o fim do segundo turno das eleições acompanhamos a formação de acampamentos em frente aos quartéis visando solicitar ao exército a intervenção militar. Curiosamente, órgãos de segurança, como polícia militar, perderam suas forças de intervenção nesses casos. No dia 12 de dezembro, os terroristas em Brasília incendiaram carros, ônibus e promoveram o caos. A Polícia Militar não se propôs nem a se aproximar dos criminosos, algo muito diferente do que vimos nas manifestações de 2013, por exemplo. O uso da força é seletivo. Pois bem, como ninguém foi preso ou indiciado nesse momento, o Ministro Alexandre de Moraes (STF) se encarregou de emitir ordem de prisão e buscas no Distro Federal, considerando as últimas semanas violentas às vésperas da posse de Lula. Era para cumprir 32 mandados além da operação de retirada do acampamento em frente ao Quartel General.
Ironicamente sob a coordenação do Exército, a Polícia Militar chegou a começar a mobilização de retirada do acampamento bolsonarista, mas não foi para frente. Toda a estrutura da PM foi colocada à disposição da operação, isso inclui viaturas do batalhão de choque, policiamento tático, cavalos e cães. No entanto, a operação não foi deflagrada porque os ditos “manifestantes”, leia-se terroristas, reagiram de maneira agressiva à primeira abordagem da PM. Os policiais do exército foram até o local interromper a ação da PM, sob a desculpa de “manter a ordem e a segurança de todos os envolvidos”. Manter que ordem? A ordem antidemocrática? Garantir a segurança de quem? É papel do Estado garantir segurança para terrorista? Na nota, ainda, divulgada pela Força, eles afirmam que a operação tinha como objetivo retirar as estruturas em desuso no acampamento, ou seja, não era para por um fim definitivo no ato antidemocrático.
Na véspera do natal, dia 24 de dezembro, um caminhão-tanque na área do Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek estava com um artefato explosivo. Famosa bomba. Acusado de ter montado o artefato, George Washington de Oliveira Sousa, tem 54 anos, bolsonarista radical, “confessou” que planejou o atentado. Outro suspeito, segundo a polícia, é o Alan Diego Rodrigues dos Santos, 32 anos, apontado como um dos líderes dos ataques à Polícia Federal, em 12 de dezembro. Alan é acusado de ter colocado o artefato no caminhão.
Muito já foi dito sobre George Washington de Oliveira Souza e Alan Diego dos Santos Rodrigues, só que a mídia, como sempre, se esqueceu de dar nomes aos bois. Não são só bolsonaristas radicais, são terroristas. Planejaram e planejam um atentado que envolve luta armada e bombas, isso não é pouca coisa não. E se a explosão da bomba caseira de George tivesse dado certo? Felizmente o alto grau de burrice nos protegeu de mais uma tragédia alimentada pelos Bolsonaros.
Viemos expor, também, mais alguns detalhes que ficaram de fora das notícias. Primeiro, como alguém que deve em torno 550 mil reais aos bancos pode gastar 160 mil com compra de munição? Analisamos o depoimento prestado por George à Polícia Civil do Distrito Federal e o que não falta é inconsistência e lacunas sem sentido. A sensação que se tem é de que ele tenta tirar o foco de alguém e trazer para si.
George não respondeu absolutamente nada das perguntas básicas iniciais, mas quando perguntado sobre a bomba, simplesmente falou tudo com riqueza de detalhes, o que parece ser uma tentativa de concentrar o foco das investigações nele. Dinamite é um material caro e mesmo vendido clandestinamente, cinco cartuchos não custam R$ 600,00, isso seria o preço de apenas uma unidade. Os explosivos foram comprados de um homem do Pará que levou os explosivos até ele em Brasília, o que é curioso: uma compra barata, um transporte caro e um grande risco por apenas R$ 600.00. Se ele entrou em contato com um general, ele já tinha o contato e tinha a confiança para uma chamada telefônica, militares não falam com qualquer um, especialmente com quem não conhecem.
Ele cita que foi ao local da subestação numa Ford Ranger “branca”, por que citar a cor do carro? Qual a relevância disso? Depois diz que o plano não evoluiu porque o carro “não foi apresentado” para o serviço, mas ele mesmo não disse ter uma pick-up? Se estava tão engajado no plano, por que não usou o próprio carro? Outro ponto é que espoletas, detonadores e acionadores, são materiais controlados pelo Exército e não são fáceis de conseguir, mesmo ilegalmente e com dinheiro, requer um tempo para chegar no vendedor certo e ao pedir esses produtos, no dia seguinte já os tinha em mãos, quem conseguiu? De ondem vieram?
Por último, ele diz que percebeu movimentação de pessoas estranhas nas redondezas do prédio onde estava hospedado, arrumou as malas para somente ir embora na manhã do dia 25 e foi preso por volta de 19h no próprio dia 24. Quem está nessa condição e percebe a presença da polícia ou de pessoas estranhas, já foge na primeira oportunidade, porque diante de perigo iminente de prisão, só decidiu fugir no dia seguinte? Se a polícia quiser desvendar esse crime, basta apertar um pouco que ele fala, ele está doido para falar, com o estímulo certo ele entrega todos os nomes. A história é fraca, desconectada e com muitas lacunas, basta querer para encontrar os verdadeiros culpados.
O que aconteceu em Brasília no dia 12 e 24 de dezembro, e ao longo de 2 meses, foi a demonstração de que não podemos fechar os olhos diante dessas organizações extremistas mesmo com o fim do desgoverno Bolsonaro. Temos que pressionar as autoridades responsáveis a cumprir seu papel. Por fim, fica evidente o envolvimento e o financiamento do movimento bolsonarista por parte da máquina estatal e a interação e participação direta de Bolsonaro, seus ministros e do GSI comandado pelo General Heleno, isso não pode ficar impune, os responsáveis devem sofrer o peso da lei e as consequências de suas ações. Estamos aqui para lembrar da responsabilidade de vocês.
E tudo isso não será esquecido. Os terroristas raivosos precisam ser responsabilizados, e se as instituições não fazem, nós o faremos. Bolsonaro, familiares, e seguidores alienados, seu foro acaba em breve, e nós mostraremos ao Brasil quais eram as suas mentiras que estão escondidas em sigilo. Em breve mostraremos como o senhor Cabral Sant’Ana aliado de Bolsonaro foi responsável por apagar todos os dados de computadores no Planalto, senhor Cabral, você não conseguirá sair impune, nós sabemos da sua tentativa de nacionalidade portuguesa. Lembre-se Bolsonaro, no Brasil, ou nos Estados Unidos, nós estamos te observando.
Nós fazemos o pão que você come.
Nós arquivamos os seus documentos.
Nós entregamos as suas encomendas.
Nós estamos em todo lugar.
Nós somos Anonymous.
Nós somos EterSec!"