A posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorre no próximo domingo (1) e no que depender da futura primeira-dama Rosangela Silva, a Janja, muitas mudanças devem ocorrer no evento em relação a posses anteriores. A socióloga pensou em diversos detalhes que buscam passar mensagens a respeito da trajetória recente do presidente eleito e, para obtê-los, tem de negociar novas práticas com todos os envolvidos.
Entre os planos de Janja está a presença de Resistência, a cadela adotada pela futura primeira-dama quando Lula ainda se encontrava preso em Curitiba. A cadela vivia com apoiadores do presidente eleito no acampamento montado em frente à sede da Polícia Federal, onde ficou preso por 580 dias. A presença de Resistência na posse buscaria justamente simbolizar esse período difícil na vida de Lula.
Com a ideia de levar Resistência para a cerimônia, entidades de defesa dos direitos dos animais procuraram a futura primeira-dama para pedir que uma outra mudança fosse feita na programação: evitar ruídos provenientes de fogos de artifício e da tradicional salva de 21 tiros de canhão para preservar a saúde de Resistência e de outros cães que vivam na região. Com o aval de Janja, a equipe de transição negocia a mudança com o Senado, responsável pelo momento barulhento.
Para o médico veterinário Thiago Chiariello, ouvido pela Fórum, a preocupação das entidades de defesa dos animais faz todo o sentido. “Os cães tem uma capacidade auditiva muito maior que a nossa, então o barulho dos fogos [ou de salvas de tiros] para eles é extremamente estressante. Isso leva muitos cães a ficarem agitados, pode desencadear alterações fisiológicas como batimentos cardíacos acelerados, respiração ofegante, tremores e salivação. Os animais assustados ainda buscam desesperadamente por abrigo, podendo levar a acidentes, como por exemplo de animais pulando janelas, correndo pelas ruas, se enrolando na coleira, entre outros”, explicou. O especialista ainda lembra que não são apenas os cães domésticos que podem sofrer com o estresse repentino dos ruídos, como também animais silvestres, em especial os pássaros.
Festival do Futuro
Para além da cerimônia oficial, a Esplanada dos Ministérios planeja um festival de música, o chamado Festival do Futuro, com 57 artistas divididos em cerca de dez shows. A primeira “leva” de shows ocorre entre as 10h e as 13h, para retornar após as 18h30. A equipe de transição estima um público de 300 mil pessoas. Entre os principais nomes confirmados para os shows da posse estão Pabllo Vittar, Duda Beat, Martinho da Vila e Maria Rita.
Os palcos homenageiam Elza Soares e Gal Costa, falecidas em 2022. Um dos palcos do festival se divide em três shows. No primeiro, chamado “Amanhã vai ser outro dia”, se apresentam Aline Calixto, Fernanda Abreu, JardsMacalé, Maria Rita, Martinho da Vila, Paula Lima, Leoni, Renegado, Rogéria Holtz, Teresa Cristina, Romero Ferro, Zélia Duncan e Delacruz.
Já o show “Futuro Ancestral” contará com Drik Barbosa, Marissol, Myaba, Ellen Oléria, Fioti, Gog, Rael, Rappin Hood e Salgadinho. Por fim, o show “Outra vez cantar” contará com Fernanda Takai, Tulipa Ruiz, Thalma Freitas, Lue e Flor Gil, Chico César, Geraldo Azevedo, Johnny Hooker, Lirinha, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Paulo Miklos e a banda Francisco El Hombre.
No outro palco haverá shows “solos” em que os artistas principais trazem alguns convidados. Entre eles, Pabllo Vittar, que outrora prometeu que cantaria em uma futura posse de Lula, cumpre a promessa. E para isso convidou Lukinhas e Urias para dividir palco. Gaby Amarantos é outra que irá ter um ‘showzão’, e convidou Jaloo, Kaê Guajajara e Aíla.
O Festival do Futuro ainda contará com shows de Baianasystem e Margareth Menezes, a futura ministra da Cultura; Duda Beat, Luedji Luna, Zé Ibarra, Doralyce e Almério; Valesca Popozuda, Mc Marks e Mc Rahell; e o cantor cristão Kleber Lucas com seus convidados.
Após o show das 13h começa a cerimônia oficial da posse de Lula como novo presidente do Brasil. O petista viaja da Catedral de Brasília do Congresso Nacional por volta das 14h30, de carro. De lá, segue para o Palácio do Planalto, onde recebe a faixa presidencial. O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) não deve passar a faixa a Lula. Antes dos shows voltarem, Lula deve dar o seu primeiro discurso como presidente em atividade.
*Com informações da Folha.