FASCISTAS ARMADOS

Carla Zambelli é processada por perseguição armada em São Paulo

Ação que quer responsabilizá-la por ameaça, racismo, perigo para a vida e constrangimento mediante arma de fogo chegou às mãos do ministro Gilmar Mendes

A bolsonarista Carla Zambelli de arma eu punho. Carla Zambelli é processada por perseguir homem armada em São Paulo Créditos: Reprodução/Twitter Antonio Neto
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A deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) foi processada pelo jornalista Luan Araujo por ameaça, racismo, perigo para a vida e constrangimento mediante arma de fogo. A petição foi protocolada junto ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta-feira (22) e refere-se ao episódio ocorrido na véspera do segundo turno das eleições, próximo da Avenida Paulista, onde eleitores petistas se reuniam na presença do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, a deputada serviu-se de um grupo armado para perseguir Luan pelas ruas de São Paulo após ter sido chamada de "espanhola".

Os advogados do jornalista querem acesso às câmeras de segurança dos prédios localizados em volta do local da ocorrência. A ideia é ter mais elementos para apontar os crimes cometidos, como por exemplo o disparo feito contra Luan que, por sorte, errou o alvo. De costas, a vítima não conseguiu identificar o atirador. No mesmo dia, um segurança de Zambelli foi preso por conta do disparo, mas acabou solto horas depois mediante fiança.

Relembre o caso

Em 29 de outubro, véspera das eleições, a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) sacou uma pistola no meio da rua, na região da Avenida Paulista, em São Paulo, e partiu para cima de um homem negro e de outras pessoas que estavam no local, que ficaram sob a mira de sua arma de fogo.

Segundo a Fórum apurou com assessores do presidente do Diretório Municipal de São Paulo do PDT, Antonio Neto, que testemunharam e registraram a cena, o bando da parlamentar de extrema direita teria inicialmente realizado um disparo, após ter sido provocada por um sujeito que a chamou de “espanhola”, alcunha que se popularizou contra a ela após boatos de natureza moral sobre sua vida pessoal no passado - segundo a história, ainda não verificada, ela teria sido prostituta na Espanha. O barulho do tiro é que teria chamado a atenção dos pedetistas, que então foram para a calçada e começaram a registrar o ato tresloucado de Zambelli.

“Vi que ela estava com a arma apontada para mim e disse para eu deitar no chão, como se fosse uma policial. Fiquei mais apavorado ainda e corri para a lanchonete. Eles me acuaram, botaram a arma na minha cabeça e mandaram deitar no chão. Eu não deitei” declarou Luan em entrevista exclusiva para a Fórum.

Nas imagens, a parlamentar bolsonarista atravessa a rua já com a arma em punho, apontando para um grupo de pessoas que está na porta de um bar. Ela está acompanhada de dois outros homens, também armados. Na sequência, Zambelli entra no estabelecimento com as duas mãos à frente do corpo e com a pistola apontada para os cidadãos. Completamente fora de si, ela grita para "deitarem no chão" e um de seus companheiros chama a todos de "vagabundos" no local.

“Zambelli é uma das figuras públicas mais conhecidas do bolsonarismo, tanto que teve mais votos em São Paulo do que o filho bananinha do presidente. E numa eleição tão apertada ela seria um trunfo em muitos lugares do estado para virar voto para Bolsonaro. Mas ao invés de ir para lugares nos quais pudesse fazer um trabalho dessa natureza  para onde ela escolheu ir? Exatamente para a região da avenida Paulista sabidamente onde estaria o candidato adversário e sua militância. Mais do que isso, armada e com seguranças armados desrespeitando a lei eleitoral. Por um lado é impossível acreditar que Zambelli não estava ali no mínimo para arrumar confusão com militantes lulistas. Por outro é possível supor que algo maior pudesse estar sendo armado. Lula precisa tomar mais cuidado do que nunca”, analisou a vítima.

Carla Zambelli ainda chegou a gravar um vídeo com PMs, no qual afirma que estava indo registrar boletim de ocorrência, pois teria sido "atacada por petistas", inclusive "sendo jogada no chão", o que teria resultado "em ferimentos no seu joelho". As imagens que foram publicadas posteriormente mostram que a versão é falsa, uma vez que ela cai sozinha e é quem insiste, junto com um segurança armado, que faz um disparo, em perseguir um homem negro, que tenta se afastar do local. 

Na semana seguinte a deputada reeleita teve suas redes sociais suspensas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por incentivos a bloqueios de estrada que contestavam o resultados das eleições. Em seguida, foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por cerca de um mês. Na volta, já participou de novos atos antidemocráticos e fez discursos inflamados para agitar os apoiadores de Bolsonaro que ainda não se conformaram com as eleições.

Na última semana, o mesmo Gilmar Mendes, que recebeu o processo dos advogados de Luan Araujo, ordenou em decisão judicial que Zambelli entregue suas armas para a Justiça e, caso não acate a ordem, pode ser alvo de operação de busca e apreensão.