RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Lula ainda não assumiu, mas Biden já o pressiona... E tem a ver com militares

Presidente dos EUA, entusiasmado com a volta do petista e a derrocada de Bolsonaro, tem demanda urgente a cobrar de Lula. Só que, para azar do brasileiro, o assunto é sobre suas tropas

Créditos: Casa Branca/Ricardo Stuckert
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Desde que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a eleição em outubro e livrou o Brasil e o mundo de mais quatro anos caóticos com Jair Bolsonaro (PL) Joe Biden, presidente dos EUA, mostra grande entusiasmo. Um encontro entre os dois, inclusive, está previsto para as próximas semanas, em Washington, e o governo norte-americano já reservou 200 apartamentos num hotel de luxo de Brasília para que sua imensa comitiva, que deve contar com a presença ou da vice-presidente Kamala Harris ou do secretário de Estado Antony Blinken, participe da festa da posse, em 1° de janeiro.

Só que Lula nem mesmo assumiu e uma pressão já vem ganhando corpo por parte de Joe Biden e de sua administração. O assunto já estaria na pauta das próximas reuniões de Blinken e deve ser falado no encontro entre o líder da Casa Branca e o futuro ocupante do Palácio do Planalto.

Para azar de Lula, a primeira demanda vinda da maior potência do planeta tem a ver com militares, justamente o grupo de servidores que está dando a maior dor de cabeça para o petista, como resultado da fortíssima politização, golpismo e desordem hierárquica implantados por Bolsonaro.

Os EUA estão “preocupados” com a nova onda de instabilidade no Haiti, pequeno país do Mar do Caribe que é a nação mais pobre do Ocidente. Com o absoluto caos institucional em que a ex-colônia francesa se encontra há décadas, piorada nos últimos anos após o fim da missão de paz da ONU, a Minustah, liderada pelo Brasil, a intenção de Washington é que tropas voltem para lá para uma nova “pacificação”.

Naturalmente, Biden não pretende mandar militares de seu país para o Haiti e aposta na pressão junto à comunidade internacional, sobretudo latino-americana, para formar uma espécie de coalizão internacional que ocupe novamente a nação caribenha. É aí que entraria o Brasil, o maior país da América Latina e com uma grande bagagem na atuação em território haitiano.

Diante do cenário de escombros deixado por Jair Bolsonaro no que tange aos valores de respeito à hierarquia e de neutralidade das Forças Armadas, Lula, ao que tudo indica, já terá um primeiro desafio pela frente: tratar de um assunto que envolve uma temática complexa e importantíssima com os generais que tentam afrontá-lo a todo momento, inclusive insinuando um golpismo indisfarçável.