Ainda antes do segundo turno da eleição presidencial, muito se especulou sobre uma possível "fuga" de Jair Bolsonaro (PL) do país antes ou depois de Lula (PT) assumir o poder, já que o ainda mandatário deve enfrentar problemas com a Justiça sem a prerrogativa de ocupar a cadeira de presidente.
A princípio, as principais apostas seriam que Bolsonaro e sua família procurassem abrigo em países ditatoriais com os quais mantêm contato próximo, como Emirados Árabes e Arábia Saudita, ou ainda na Hungria, atualmente governada por um aliado do presidente brasileiro, o direitista radical Viktor Orbán.
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Uma nova possibilidade se abriu nesta terça-feira (8), entretanto, com a notícia de que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram à embaixada da Itália em Brasília para tentar fazer avançar um pedido de cidadania italiana. Flávio, inclusive, confirmou ao site Metrópoles que está em processo para a obtenção da cidadania, por conta da origem italiana de sua família, que os daria direito de morar legalmente na Itália ou em qualquer país da União Europeia.
Em 2021, o próprio Bolsonaro recebeu o título de cidadão honorário italiano da prefeitura de Anguillara Veneta, pequena cidade de seus ancestrais no norte da Itália, em meio a protestos contra a honraria.
Para além da ascendência italiana do clã Bolsonaro, não seria estranho se a família do ainda presidente, que usa o lema fascista "Deus, Pátria e Família", escolhesse a Itália para viver após deixar o Palácio do Planalto, visto que o país europeu passou por eleições recentemente e alçou ao poder uma ultradireitista entusiasta do fascismo.
O bloco de extrema direita italiano venceu a eleição de setembro e alçou à condição de primeira-ministra do país Giorgia Meloni, líder do partido "Fratelli d'Italia", legenda considerada neofascista e herdeira do Movimento Social Italiano (MSI), que surgiu também propagando ideias neofascistas após a Segunda Guerra Mundial.
Aos 19 anos, Meloni chegou a afirmar em entrevista que o ditador italiano Benito Mussolini era "um bom político" e ainda hoje faz elogios ao ditador fascista - apesar de negar que seu governo será uma nova guinada ao fascismo.
Na última semana, a nova-primeira ministra da Itália nomeou Galeazzo Bignam para um cargo de ministro júnior no governo. Em 2016, Bignam foi flagrado em uma fotografia usando uma braçadeira de suástica nazista.
"Deus, pátria e família"
Giorgia Meloni liderou a fundação do partido de origens fascistas "Irmãos da Itália" no final de 2012 e, ao longo de sua campanha este ano, adotou o "Deus, Pátria e Família". Sua vitória representou a ascensão do governo mais direitista italiano desde Benito Mussolini.
"Deus, Pátria e Família", inclusive, era o slogan do ditador fascista que, além de ser utilizado por Meloni, marcou a campanha de Jair Bolsonaro no Brasil.
A primeira-ministra italiana, assim como Bolsonaro, se coloca contra o que chama de "lobbies LGBTQIA+" e promete, ainda, fechar fronteiras para proteger seu país da "islamização".
Não à toa, quando Meloni venceu a eleição italiana, Bolsonaro foi às redes sociais para comemorar: "Eu vi parte do discurso dela. Ela se elegeu com o slogan de ‘Deus, pátria e família’. Parabéns à Giorgia, essa onda seria boa pegar no mundo todo, ‘Deus, pátria e família’ para nós termos aí uma liberdade a mais”, declarou.
“O que ela fala lá é perfeitamente igual ao que nós falamos aqui", disparou ainda, convenientemente, o futuro ex-presidente do Brasil.