LULA ELEITO

Bancada evangélica “quer conversa com Lula” e Bolsonaro fica cada vez mais isolado

Cezinha de Madureira (PSD-SP), um dos líderes do grupo “religioso” na Câmara, diz que não está traindo presidente derrotado e que Carla Zambelli de arma na mão acabou com reeleição

Créditos: Wesley Amaral/Câmara dos Deputados
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Apenas quatro dias após a confirmação da vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a sensação no universo político de que Jair Bolsonaro (PL) e o bolsonarismo serão varridos da vida pública nacional apenas aumenta. Com uma debandada de vários aliados (não tão) fiéis, como a maior parte do Centrão e até o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), quem parece estar desembarcando da aventura insana e radical é a bancada evangélica, ou pelo menos parte significativa dela.

O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), um dos líderes desse poderoso grupo parlamentar “religioso”, embora diga abertamente que “não está traindo Bolsonaro”, afirmou nesta quinta-feira (3) que sua bancada quer “uma conversa com Lula”.

Espécie de representante do “bispo” Samuel Ferreira, homem forte da igreja Assembleia de Deus de Madureira, Cezinha diz que “segue” com Bolsonaro, mas que de forma alguma trabalhará contra o Brasil e que pode perfeitamente trabalhar pautas conjuntas com o governo Lula, o que na linguagem política significa que a porta para um alinhamento com o Planalto está aberta.

“Bolsonaro terá nosso respeito, admiração e lealdade. Mas não significa que vamos votar contra o aumento de salário, contra o combate à fome. Com o crescimento da bancada evangélica, óbvio que nenhuma pauta aberrante vai passar, como liberação de drogas e aborto. Mas estamos dispostos a trabalhar para pautas que ajudem o Brasil. Vamos conversar sobre o que for importante para o país”, disse Cezinha.

Para o deputado evangélico, “não foi Lula que venceu, mas sim Bolsonaro que perdeu” e isso teria ocorrido por conta da atitude tresloucada da colega de parlamento e também bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que saiu correndo com uma pistola automática em via pública, à luz do dia, na região da Avenida Paulista, apontando para transeuntes só porque um eleitor de esquerda a provocou com palavras.

“A Zambelli cometeu a pior bobeira, é gente despreparada. Nossa eleição estava ganha. Para o Tarcísio, nossa previsão era de 16 milhões de votos. Eu digo que Lula não ganhou, nós que perdemos”, opinou o parlamentar da bancada evangélica.