Assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo chanceler Carlos França no dia 07 de novembro, a nomeação de Marcela Magalhães Braga ao cargo de vice-cônsul do Brasil em Orlando gerou polêmica em grupos de WhatsApp de diplomatas, segundo informações do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles. Recente, o vice-consulado foi inaugurado em junho deste ano.
A diplomata exercia o cargo de assessora especial do gabinete pessoal da Presidência da República desde 29 de abril deste ano, onde atuava sob o comando da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Até então, a diplomata era assessora especial de relações institucionais e internacionais em um programa da Casa Civil. Antes de auxiliar Michelle, serviu por 11 anos em diferentes postos do Itamaraty, como os de Tóquio, Liubliana e Hanói. Com atuação próxima de Michelle Bolsonaro, as críticas que circularam não se devem às suas qualificações, mas à admiração expressa pela servidora a uma figura que não agradou os colegas do Itamaraty apoiadores do atual governo.
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Prints em tom de escárnio
Prints de mensagens enviadas por Braga a grupos privados elogiando frases do ex-chanceler Celso Amorim circularam em grupos de WhatsApp de diplomatas, acompanhados de mensagens em tom de escárnio. Amorim foi Ministro das Relações Exteriores de janeiro de 2003 a dezembro de 2010, ou seja, durante os dois governos presididos por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), agora eleito novamente presidente da República, derrotando o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Nome forte das administrações petistas e muito respeitado em âmbito internacional, Celso Amorim foi também Ministro da Defesa durante o governo Dilma Rousseff (PT), de 2011 a 2014.
“Gente, recomendo uma releitura dos discursos de nossa formatura. É de trazer lágrimas aos olhos”, escreveu Marcela Braga. Ela também enviou uma mensagem com uma frase do ex-ministro: “‘Não permitam que a aspereza da realidade cerceie o idealismo ou a imaginação de vocês. Sejam bons profissionais, mas, sobretudo, sejam muito felizes’ – Celso Amorim”.
Reação
Enviadas originalmente apenas ao grupo de WhatsApp da turma de formação de diplomatas de que Braga participa, as reproduções das mensagens passaram a circular entre outros grupos de funcionários do Itamaraty, em tom de intriga. As mensagens irônicas sugerem que a diplomata, que até o final de abril exercia cargo de confiança junto a Michelle Bolsonaro, estaria tentando se reposicionar diante da iminência da volta do PT ao poder central da República.
Incomodada, a diplomata reagiu: “Colegas que estão compartilhando minhas palavras em grupos distintos e fazendo chacota, peço respeito. Tenho amigos em vários destes grupos que me defendem e conhecem a minha essência. Sinto muito ter colegas infelizes, frustrados, tristes, amargurados e que ficam gastando as parcas energias que lhes sobram pra falar mal de mim”. E completou: “Quem quiser falar diretamente comigo, é só me escrever. Não há necessidade de ser covarde e ficar espalhando minhas palavras fora de contexto”. Sobre as mensagens que circulam, Marcela Braga disse que não tem interesse em explicar o que aconteceu: "Eu sinto muitíssimo que isso tenha sido compartilhado dessa forma. Eu sou uma servidora de Estado, mereço ser tratada como tal".