A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, avalia que Jair Bolsonaro (PL), em seu primeiro pronunciamento após a divulgação do resultado eleitoral - quase 48 horas depois -, incentivou os atos e bloqueios golpistas que vêm sendo realizados por seus apoiadores.
Em rápida fala no Palácio da Alvorada nesta terça-feira (1), o ainda presidente não reconheceu a derrota para o presidente eleito Lula (PT) e deu ar de legitimidade aos atos de extremistas que não aceitam a vitória do petista, sacramentada pela maioria dos votos.
"Lula disputou 6 eleições presidenciais. Quando perdeu, acatou o resultado e nunca promoveu arruaça. Bolsonaro é o primeiro e único a apostar no caos diante da derrota. Reconhecer bloqueios como movimentos pacíficos é incentiva-los. Irresponsável, nunca pensou no país", disse Gleisi à Fórum.
Mau perdedor
Quase 48 horas depois da divulgação dos resultados da eleição, que alçou Lula (PT) como vencedor e, por consequência, presidente eleito, Jair Bolsonaro fez um curto pronunciamento, mas não reconheceu sua derrota.
No discurso feito no Palácio da Alvorada, o ainda mandatário agradeceu os votos que obteve e defendeu os atos golpistas de bolsonaristas que não aceitam o resultado eleitoral e que vêm bloqueando rodovias.
"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas", declarou. O presidente, no entanto, disse também que "os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir". Em nenhum momento, entretanto, Bolsonaro pediu para que os manifestantes interrompam os bloqueios.
Não houve, no discurso do chefe do Executivo, nenhuma citação a Lula. Bolsonaro utilizou sua curta fala para inflamar ainda mais os movimentos golpistas ao dizer que "é uma honra continuar sendo o líder que defende as cores verde e amarela".
Coube ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, anunciar início do processo de transição. Segundo Nogueira, após conversa com Gleisi Hoffmann, ficou designado que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) comandará o processo de mudança de governo a partir da próxima quinta-feira (3).