Entre os principais temas colocados no debate eleitoral de segundo, o agronegócio é um deles. O amplo, rico e importante setor da economia nacional é conhecido pelo seu apoio ao atual governo e chegou a ser acusado como sendo a atividade responsável por queimadas recordes nos biomas brasileiros no último período. Além disso, as principais doações à campanha de Bolsonaro (PL) vêm do agronegócio.
Por outro lado, o ex-presidente Lula (PT) tem ao seu lado o argumento de haver renegociado dívidas do setor que poderiam levar uma série de grandes à falência em 2008, além da facilitação de créditos para compra de maquinário. Agora, Lula também tem o apoio da senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno das eleições presidenciais com quase 5% dos votos e importante representante do setor em seu Estado, o Mato Grosso do Sul.
Em coletiva para a imprensa realizada nesta sexta-feira (7), Tebet foi perguntada pelo jornalista Sérgio Rocha, do jornal O Globo, exatamente como seria a interlocução da campanha com o agronegócio.
“Missão a gente não escolhe, a gente cumpre”, disseTebet referindo-se ao seu papel de mediadora entre petistas e agro. “Onde acharem que eu sou útil lá eu estarei, eu sou do agronegócio, não só venho de um estado do agronegócio, como eu estou pronta inclusive pra desmistificar essa tese equivocada que só interessa ao atual presidente da República de que temos de escolher entre agronegócio ou meio ambiente, quando na realidade os dois andam juntos”, completou.
Sobre a preservação ambiental, Tebet chamou atenção para duas questões. A primeira, que se o meio ambiente chegar a um ponto de não retorno do ponto de vista da preservação e recuperação, o próprio clima pode mudar, variando em chuvas e temperaturas de forma muito acentuada, o que poderia destruir safras inteiras. Além disso, chamou a atenção de que a não preservação ambiental pode acarretar em perda de prestígio internacional e consequentemente o fechamento de mercados, sobre o europeu.
“Nos últimos dois anos do meu estado de Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul nós tivemos uma perda e produtividade em torno de sessenta bilhões. Não é o poder público que perdeu. É o negócio que perdeu sessenta bilhões de reais. Embora obviamente há um uma grande parte do agronegócio que está com o atual com presidente, eu não tenho dúvida que nós poderemos reverter detalhando claramente o programa do governo do presidente Lula pro agronegócio. E o próprio agronegócio hoje começa a tomar consciência de que se o Brasil não mudar esse nesse rumo, especialmente focado na questão da sustentabilidade, da proteção da Amazônia, de desmatamento ilegal zero, o próprio agronegócio vai ter as portas fechadas da Europa e dos países de onde pra onde nós exportamos”, declarou
Tebet ainda defendeu que a preservação da floresta também pode trazer benefícios econômicos, tanto para o turismo, como para a ciência e tecnologia como para a produção de commodities ambientais; produtos originais da floresta cuja produção se relaciona com a recuperação ambiental. Na sequência falou Lula.
“Em mil 2008 a gente aprovou a medida provisória 452 em que a gente negociou a securitização do setor rural uma dívida de 85 bilhões de reais. qSe não fosse aquela negociação certamente muitos tinham quebrado”, afirmou o ex-presidente Lula para em seguida lembrar que em seus governos os bancos públicos financiavam a compra de maquinário agrícola a juros de 2 ou 3% ao ano, enquanto na atualidade os empresários têm pago juros de até 18%. Lula aproveitou para lembrar da volta da fome e em como isso se contradiz com o potencial de produção de alimentos do país.
“Hoje eu fui fazer uma viagem a Guarulhos e passei numa avenida e eu nunca vi tanta gente jogada na rua. Embaixo de cobertor, embaixo de lona. Coisa que a gente tinha acabado em São Paulo. Hoje as pessoas com vergonha de pedir esmola anda com uma placa. Eu estou com fome. Eu quero comida. Meu filho não almoçou. E esse país não precisava passar por isso. Um país que é o terceiro produtor de alimento do mundo. Um país que é o primeiro produtor de proteína animal do mundo. Um país que já chegou a ser a quinta economia do mundo. Um país que tem um potencial extraordinário”, concluiu o Lula.