Minutos após a decisão de que haveria segundo turno na disputa presidencial entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a candidata do MDB, Simone Tebet, fez uma declaração contundente que não ficaria neutra e se pronunciaria "no momento certo", mesmo que contrariando os partidos que, junto com os medebistas, formaram a coalização em torno de sua candidatura: PSDB, Cidadania e Podemos.
"Quero dizer, com todo o respeito, respeito o processo eleitoral, que não terminou agora porque agora é hora de os presidentes dos nossos partidos se posicionarem e se pronunciarem. Eu espero que o façam e o façam rapidamente para que depois eu possa, como candidata à Presidência que fui, nesse momento tão complexo, onde nós temos, sim, que analisar os resultados da urna, para que eu possa me posicionar", disse Tebet, acrescentando que "no máximo, em 48 horas vocês [líderes dos partidos] decidam porque eu vou me pronunciar, porque tenho uma responsabilidade junto com Mara", em relação à vice, Mara Gabrilli, do PSDB.
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O prazo dado por Tebet vence exatamente às 22h00 desta terça-feira (4). E as lideranças das quatro legendas travam debates internos para fechar o apoio em torno da candidatura Lula. No entanto, há um grupo dentro de uma das legendas que cria empecilho para selar a oficialização do apoio de toda a coligação.
Grão líder tucano, o senador Tasso Jereissati (CE), adversário histórico do PT, se antecipou à decisão e manobra para levar o apoio do PSDB a Lula. Há conversas, inclusive, para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que fez uma declaração velada no primeiro turno, dê uma forte declaração de apoio ao petista, com quem disputou e venceu duas eleições e mantém uma relação de cordialidade desde o fim dos anos 70.
Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania, que já militou nas fileiras do PCB e tem a história ligada ao MDB desde a época da Ditadura Militar, já adiantou seu apoio pessoal a Lula e trabalha pela coesão dentro do partido.
"Informo ainda que encaminhei à Executiva Nacional, que se reúne nesta terça-feira, às 12h00, posicionamento a favor de que o partido declare apoio a Lula no 2º turno", declarou, em nota, nesta segunda-feira (4).
Já o MDB deve formar consenso e unir as duas principais correntes, lideradas pela própria Tebet e pelo senador Renan Calheiros, em torno do nome de Lula. A decisão deve ser referendada pelo presidente nacional da sigla, Romero Jucá.
Resta, então, o Podemos, que é presidido por Renata Abreu, reeleita deputada federal. A tendência da cúpula do partido é fechar com a coligação e apoiar Lula.
Há, no entanto, um entrave. A sigla, que foi traída por Sérgio e Rosângela Moro, abriga o ex-procurador Deltan Dallagnol, eleito para deputado federal, e que comanda a ala lavajatista, contrária a Lula.
Agora político, Dallagnol se torna o único entrave para que a coligação em torno de Simone Tebet, que obteve 4,9 milhões de votos e terminou o primeiro turno na terceira posição, sele o acordo de apoio a Lula.
A decisão deve ser anunciada nas próximas horas.