ATAQUE À DEMOCRACIA

Flávia Oliveira dá lição sobre racismo para Demétrio Magnoli ao debater caso Zambelli

Neste sábado, a deputada de extrema direita e apoiadora de Bolsonaro perseguiu um homem negro pelas ruas de São Paulo com uma arma em punho

Flávia Oliveira dá lição sobre racismo para Demétrio Magnoli ao debater caso Zambelli.Créditos: Reprodução/ redes sociais
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Durante o programa Central das Eleições exibido na noite deste sábado (30) a jornalista Flávia Oliveira, ao responder uma análise feita pelo comentarista Demétrio Magnoli, explicou a atitude da deputada bolsonarista Carla Zambelli, que perseguiu um homem negro pelas ruas de São Paulo com uma arma em punho, é um “exemplo encarnado de racismo estrutural”. 

 

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Anterior às considerações de Flávia Oliveira, o pesquisador Demétrio Magnoli afirmava que, em sua concepção, não a ação de Carla Zambelli, apesar de ilegal, não foi racista. 

“O racismo precisaria envolver uma ofensa racial ou um preconceito, estar fazendo a ação criminosa devido a cor da pessoa, não há prova disso. É provável, considerando tudo o que aconteceu, que ela faria isso com qualquer um que a tivesse xingado, branco, negro, cor de rosa, cor de abóbora”, disse Demétrio. 

Em seguida, Magnoli afirma que, ao empunhar uma arma, a deputada criou leis para si. “Precisa também chamar a atenção para o fato de que ela tem a pretensão de criar leis, porque ela tem a pretensão de que a sentença ao suposto agressor dela é que ele deva lhe pedir desculpas, isso não existe no código penal, ela está inventando o ‘código penal da Carla Zambelli’ e inventando a sentença que ela vai impor”, finaliza Magnoli. 

Em seguida, Flávia Oliveira se contrapõe a análise do colega e explica o porquê da perseguição de Carla Zambelli contra o homem é um exemplo clássico de racismo estrutural. 

“Trata-se de legítimo direito da deputada de perseguir um homem negro, rendê-lo e subjugá-lo. Por isso é racismo. Estruturalmente racismo. Um exemplo encarnado, filmado de racismo. Não foi sobre legítima defesa. Foi por uma mulher branca, parlamentar, armamentista, dessa ideologia armamentista se sentir n direito de perseguir um homem negro que ousou ofendê-la verbalmente. Não vou tirar o mérito e a legitimidade dela ter se sentido ofendida, a questão é a desproporcionalidade da reação a essa ofensa verbal”, analisa Flávia Oliveira.

Posteriormente, Flávia Oliveira comenta a respeita da ambição de Zambelli criar um direito para si ao perseguir armada um homem negro. “E esse direito que você estava apontando, Demétrio, de ela criar uma ‘legislação Carla Zambelli’ de legítimo direito de perseguir, render e exigir desculpas de um homem negro desarmado pelas ruas de São Paulo, é disso que se trata”, finaliza a jornalista.  

 

Zambelli cometeu crime ao sacar arma e deve ser presa, diz advogado


O advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, anunciou neste sábado (29) que vai acionar a Justiça para que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) seja presa por crime eleitoral.

A bolsonarista, na parte da tarde, enquanto acontecia uma caminhada da campanha de Lula (PT) e Fernando Haddad (PT) na avenida Paulista, estava nas imediações quando sacou uma pistola no meio da rua e partiu para cima de um homem negro e outras pessoas, após uma discussão política. 

"Vamos pedir a prisão da deputada Carla Zambelli. O TSE proibiu a partir de 24 horas antes da eleição o porte de arma, o que é crime eleitoral punível, inclusive, com prisão", disse Marco Aurélio Carvalho em vídeo gravado ao lado do deputado estadual Emidio de Souza (PT-SP), coordenador da campanha de Haddad. 


"Cena deplorável, criminosa. Uma das deputadas mais votadas de São Paulo que não honra nenhum de seus votos. Orientada por seu chefe, sacou a arma junto com seus capangas, encurralou um homem negro por conta de divergência política, de arma em punho", declarou Emidio. 

Além de ser enquadrada pela Justiça Eleitoral, Zambelli pode, ainda, ter que responder por violar o artigo 15 da Lei nº 10.826, que prevê reclusão de dois a quatro anos, além de multa, para quem "disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime". 

Apesar de saber das implicações de seu ato, Zambelli afirmou, em entrevista, que "ignorou" conscientemente a lei. "Eu sou legisladora. Ordens ilegais não se cumprem. Conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei ignorando a resolução do Alexandre de Moraes", disse. 

Segundo a Fórum apurou, a parlamentar de extrema direita teria inicialmente sacado arma após ter sido provocada por um sujeito que a chamou de “espanhola”, alcunha que se popularizou contra a ela após boatos de natureza moral sobre sua vida pessoal no passado. O barulho do tiro, que teria sido disparado por um dos seguranças da deputada, é que teria chamado a atenção de militantes de esquerda que estavam próximos ao local, e eles toram então até a calçada e começaram a registrar o ato tresloucado de Zambelli contra o homem negro. 

 

Cassação 


Além de ser acionada na Justiça, Carla Zambelli será representada no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por ter sacado arma no meio da rua e ameaçado homem por divergência política. 

Deputados do PT já anunciaram ações contra a bolsonarista para que ela seja cassada. "Esta fascista da deputada Carla Zambelli tem de perder o mandato atual e não ser diplomada. Vou representar no Conselho de Ética. Atirando em pessoas na rua por desavenças políticas. Esta gente não pode continuar governando", anunciou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG). 

Já o deputado federal Alencar Santana Braga (PT-SP) informou que acionará a Justiça para que Zambelli perca seu porte de arma. "Vou pedir a cassação do porte de arma da Carla Zambelli, amiga de Bolsonaro e Tarcisio. Uma pessoa desequilibrada como essa não pode andar armada, pois é uma ameaça a qualquer pessoa que esteja perto dela. O seu crime precisa ser investigado a fundo e não pode ficar impune!", disse. 

 

Novo vídeo desmente versão de Zambelli 

 

Um novo vídeo da confusão protagonizada pela deputada federal bolsonarista Carla Zambelii desmente sua versão de que foi agredida por militantes de esquerda e que por isso teria saca uma pistola em plena luz do dia, na região da Avenida Paulista, em São Paulo.

As novas imagens mostram que ela parte para cima do tal homem negro que a teria provocado, cai sozinho (e por isso tem uma marca no joelho). A cena mostra também que um de seus assessores, também armado, faz um disparo.