ELEIÇÕES 2022

Frigorífico que prometeu pernil se Bolsonaro vencer pode pagar indenização milionária

Em evento pró-reeleição, a direção da empresa obrigou os funcionários a vestirem camiseta de Bolsonaro; MPT pede indenização de R$ 2 milhões por danos morais

Funcionários foram obrigados a usar camiseta de Bolsonaro.Créditos: Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

O Ministério Público do Trabalho (MPT) pediu uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais a um frigorífico. A empresa é suspeita de obrigar os funcionários a vestirem uma camiseta com o slogan e o número de Jair Bolsonaro (PL). O caso ocorreu no município de Betim, Minas Gerais.

Um evento pró-Bolsonaro, realizado no horário de almoço dos funcionários, no dia 20 de outubro, foi organizado pelos frigoríficos Serradão e Frigobet, que pertencem ao mesmo dono. Trata-se do produtor rural e empresário Silvio Silveira, presidente da Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig).

Querem nos calar! A Fórum precisa de você para pagar processos urgentes. Clique aqui para ajudar.

Na oportunidade, um trabalhador denunciou que a empresa prometeu doar um pernil para cada funcionário, em caso de reeleição de Bolsonaro. A conversa com os funcionários teve a participação do deputado federal bolsonarista Mauro Lopes (PP-MG).

O MPT tentou um acordo com a empresa, exigindo uma retratação pública, porém, não obteve retorno. Além da indenização de R$ 2 milhões, o órgão solicitou à Justiça que a empresa seja condenada a pagar R$ 2 mil para cada funcionário, de acordo com reportagem de Thaísa Oliveira, na Folha de S.Paulo..

“[O dono] fez falas pedindo voto para Bolsonaro, dizendo para não votar em Lula com discurso apelativo e mentiroso, dizendo que o Brasil pode entrar em guerra com a vitória de Lula e a empresa fechar. Ainda, disse que quem votar no Bolsonaro e levar na segunda-feira uma comprovação do voto, ganhará um pernil da empresa”, destaca trecho da denúncia.

Procuradores denunciam assédio eleitoral

Os procuradores relatam assédio eleitoral contra os trabalhadores e “propagandas de cunho político-partidário nas instalações” do frigorífico, “ainda que de forma velada e indireta”.

“Todo esse cenário acima transcrito evidencia que está acentuado o risco de que os fatos narrados tenham impacto na liberdade de consciência dos trabalhadores das requeridas e no livre exercício do direito de voto no pleito eleitoral”, acrescentaram os procuradores.

O Ministério Público do Trabalho recebeu, em 2022, recorde de denúncias de assédio eleitoral. As ocorrências aumentaram significativamente depois do primeiro turno. Até o dia 21, foram recebidas 1.112 denúncias em todo o país, sendo 295 em Minas Gerais, líder do ranking.