A ex-ministra bolsonarista e senadora eleita pelo Distrito Federal Damares Alves (Republicanos) parece estar em maus lençóis depois de ter relatado uma história bizarra de que crianças estariam tendo seus dentes arrancados para fazer sexo oral e de que outras estariam recebendo dieta pastosa para sofrerem abusos anais na Ilha do Marajó (PA). Com claros contornos de mentira, desta vez quem negou ter recebido a suposta denúncia foi a Secretaria Nacional de Justiça (SNJ/MJ).
De acordo com um ofício encaminhado ao Itamaraty pelo órgão, que é subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o procurador federal Bruno Andrade Costa responde a uma consulta feita pelo Itamaraty, por meio do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conatrap). A autoridade diz que a SNJ/MJ “não recebeu informações ou tem ciência sobre casos específicos de tráfico de pessoas, exploração sexual e tortura de crianças no Arquipélago do Marajó”, desmentindo Damares, que afirmou ter os notificado.
A história sem nexo e fantasiosa foi contada pela ex-ministras em algumas ocasiões, inclusive num culto eleitoral realizado numa igreja de Goiás. Pressionada sobre o teor do que havia divulgado, ela passou a se esquivar e disse que “ouviu relatos nas ruas”.
O fato, que acabou se tornando até mesmo um escândalo internacional, já que entidades estrangeiras cobraram provas do que era relatado por Damares, foi também cobrado do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que negou ter recebido tais denúncias, mas manobrando politicamente para proteger a bolsonarista, ao alegar que “isso não esgota a possibilidade de haver registros desse tipo de crime em outros órgãos estaduais e federais”.