O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exonerou um servidor da Corte que, segundo o jornal Folha de S.Paulo, estaria sendo acusado de atrapalhar o andamento dos trabalhos no local, com viés político, favorecendo teses da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro.
Alexandre Gomes Machado seria lotado na Secretaria Judiciária, uma seção vinculada à Secretaria-Geral da Presidência do TSE, e já estaria na mira de Moraes por conta de seu rendimento no cargo e também em decorrência de sua relação com os demais funcionários do setor. No entanto, a mais nova denúncia esdrúxula a se transformar em teoria da conspiração pela campanha de Bolsonaro, anunciada numa “coletiva” aos berros por Fábio Faria e Fabio Wajngarten, na última segunda (24), relacionada a uma suposta fraude nas inserções de propaganda eleitoral em rádios de todo país, teria sido a gota d’água para a exoneração de Machado.
Ainda de acordo com a reportagem da Folha, o assessor estaria empenhado na tal nova “denúncia” de que rádios não estariam colocando os spots de Bolsonaro no ar, beneficiando Lula, o que estaria gerando problemas no andamento de outras demandas mais sérias, relevantes e reais que estão sob escrutínio no tribunal. O relatório com a acusação já foi entregue ao TSE e Moraes considerou o documento “sem provas” e “apócrifo”, exigindo que seus denunciantes apresentassem provas do caso, sob pena de responderam a inquérito por crime eleitoral.
Machado, assim que soube de sua exoneração, na noite de terça (25), teria ido imediatamente à Polícia Federal (PF) registrar boletim de ocorrência, onde permaneceu até a madrugada desta quarta-feira (26). Ele contou aos agentes federais que teria sido informado de sua saída do cargo 30 minutos após receber um e-mail da rádio “JM Online”, de Uberaba (MG), no qual a emissora se autoincriminava dizendo que “entre 7 e 10 de outubro” tinha deixado de colocar no ar mais de 100 propagandas de Bolsonaro. Segundo o Brasil de Fato, a dona do veículo de comunicação, Lídia Prata, é uma fiel bolsonarista, que inclusive posta fotos com a primeira-dama Michelle Bolsonaro e usa adesivos da campanha à reeleição do presidente em locais públicos.
Já na versão de Machado à Polícia Federal, reporta a Folha, teria sido “pelo fato de que desde o ano de 2018 ele tenha reiteradamente informado ao TSE que existem falhas de fiscalização e acompanhamento na veiculação de inserções da propaganda eleitoral”.
Sobre a exoneração do funcionário da Secretaria Judiciária da Secretaria-Geral da Presidência do TSE, o tribunal máximo da Justiça Eleitoral apenas afirmou que “em virtude do período eleitoral, a gestão do TSE vem realizando alterações gradativas em sua equipe”.