Dados de milhões de beneficiários do Auxílio Brasil foram vazados para correspondentes bancários, as empresas ou agentes terceirizados encarregados de vender serviços a possíveis clientes, e acabaram usados para facilitar a venda de empréstimos consignados. Vínculo dos empréstimos com programa está conforme medida eleitoreira do governo, anunciada já em campanha eleitoral, que libera o comprometimento de 40% da renda mensal dos beneficiários com os empréstimos.
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As informações foram apuradas e divulgadas pela jornalista Amanda Audi no Brazilian Report, que obteve os arquivos dos bancos de dados. Segundo a jornalista, apenas um desses correspondentes bancários teria tido acesso aos dados detalhados de 3,7 milhões de beneficiários do programa, o que corresponderia a 20% de todos os beneficiários cadastrados. Ainda de acordo com a reportagem, há 50 mil correspondentes bancários que teriam tido acesso aos dados.
Audi explica que as informações contêm endereços completos, números de telefone fixo e celular, data de nascimento, valor recebido mensalmente, além de números do NIS e do CadSus. Na apuração, a Brazilian Report entrou em contato com uma série de pessoas citadas nas planilhas e confirmou que as informações estariam corretas. Além disso, apontou que tais informações só estariam disponíveis para o Ministério da Cidadania, a Caixa Econômica Federal e o DataPrev, mas as três instituições, quando questionadas, afirmaram não ter havido qualquer vazamento de dados dos seus sistemas.
Um correspondente bancário ouvido pela reportagem afirmou que nunca viu nada parecido em 20 anos na área. Ele ainda explicou que a riqueza de detalhes nas informações do vazamento atual também é inédita, uma vez que geralmente não recebe bancos de dados em que constem endereços e números de NIS. Já Ione Amorim, porta-voz do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, disse que o vazamento é alarmante e deve ser investigado, lembrando que de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, empresas não podem armazenar ou compartilhar dados de cidadãos sem consentimento, o que na prática muitas vezes não é cumprido e nem investigado.
Há ainda a suspeita, levantada pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, de que beneficiários do programa estariam recebendo nas últimas semanas mensagens de alerta que afirmam que Lula cortaria o benefício se eleito. Paralelamente, o instituto Datafolha apontou um crescimento de 7 pontos do atual presidente entre os beneficiários do Auxílio Brasil ao longo da última semana.
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