FAKE NEWS NA TV

Bolsonaro transforma sabatina do SBT em "cercadinho" e mente sem interrupções

Presidente repetiu fake news como as de que Lula quer legaliza drogas e vai implantar "banheiro unissex" nas escolas sem ser contestado por jornalistas

Jair Bolsonaro em sabatina no SBT.Créditos: SBT/Reprodução
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Sem Lula (PT), o debate que seria promovido pelo SBT em parceria com jornal Estadão, Rádio Eldorado, CNN, Veja, Nova Brasil FM e Terra, na noite desta sexta-feira (22), foi transformado em uma sabatina com Jair Bolsonaro (PL). O que se viu, no entanto, foram cenas parecidas com as que o presidente protagoniza no "cercadinho" do Palácio da Alvorada: um palanque para mentiras sem interrupções

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O formato da sabatina consistiu em jornalistas alternados fazendo perguntas. Bolsonaro, ao responder as questões, fugiu de alguns temas e repetiu inúmeras fake news contra o ex-presidente Lula, várias delas, inclusive, que já tiveram suas reproduções vetadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Em um dos momentos da entrevista, por exemplo, Bolsonaro encontrou uma maneira de se esquivar da proibição do TSE de chamar Lula de "ladrão" ou "corrupto". Chamou de "criminoso"

"Ele [Lula] continua sendo uma pessoa criminosa. Não é porque os processos foram anulados e voltaram para a primeira instância que ele passou a ser uma pessoa inocentada. Só acredita em Bonner, que ele não deve nada a justiça, quem for muito anjo no país", disparou ao responder uma pergunta sobre sua reaproximação com Sergio Moro (União Brasil). 

Nenhum dos jornalistas presentes ponderou que o TSE proibiu Bolsonaro de associar Lula à criminalidade. Após a resposta, o âncora Carlos Nascimento simplesmente mudou de assunto e perguntou se o presidente respeitará o resultado das urnas no dia 30 de outubro. 

O mandatário, por sua vez, voltou a condicionar o reconhecimento do resultado da eleição à "apuração" das Forças Armadas. "Em a Comissão de Transparência, onde se integra as Forças Armadas, nada de anormal apresentar, não tem por que você duvidar do resultado das eleições", declarou. 

Pouco antes, Bolsonaro afirmou que Lula quer legalizar as drogas caso seja eleito, o que é mentira. A fala se deu justamente em uma resposta na qual o presidente disse que não divulga fake news. "

Eu gostaria que apresentassem quais são as minhas fake news (...) Me apresente. O PT, ele tem... o Lula, uma simpatia muito grande por parte dos ministros do Supremo, isso não é novidade para ninguém. Para eu... vamos dizer, criticar o PT, se eu fizer fake news, eu estou falando que o Lula é honesto, estou falando que ele defende a vida desde o início da sua concepção, que ele não quer legalizar as drogas, ou seja, eu não tenho que fazer fake news contra o PT, você tem que mostrar a verdade", disse.

"Nós também não aceitamos a legalização das drogas, como Lula já falou que quer, o PT quer a legalização das drogas", emendou ainda. 

Um dos direitos de resposta concedidos recentemente pelo TSE a Lula trata justamente desta fala de Bolsonaro de que o petista quer legalizar as drogas. A Corte, inclusive, proibiu a campanha do presidente de divulgar tal mentira. 

Como se não bastasse, logo na sequência, Bolsonaro, retomou uma mentira que vem desde sua campanha de 2018: a que trata sobre "ideologia de gênero" e que Lula quer implantar "banheiros unissex" nas escolas - outra fake news alvo do TSE. 

"A questão da ideologia de gênero: não podemos ensinar coisas erradas para as nossas crianças em sala de aula. Sala de aula instrui. Quem dá educação? O pai e a mãe. Eu tenho certeza que você, mãe, que tem uma filha de seis, sete, oito anos, não quer que ela vá no banheiro no intervalo da sala de aula e encontre um marmanjão de 10, 15, 14 anos lá dentro. Você não quer isso", prosseguiu. 

No mesmo dia da sabatina, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou a exclusão de trechos de uma live Bolsonaro em que o presidente afirma que Lula seria a favor da legalização das drogas, do aborto e da implantação de "banheiros unissex" nas escolas. 

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“Trata-se da veiculação de informação inverídica tendente a desinformar a população acerca de temas sensíveis à população, que exigem ampla discussão, e sobre a qual pretende conquistar o eleitorado contrário a matérias tão polêmicas, em evidente prejuízo de seu adversário, inclusive com a checagem realizada demonstrando a falsidade das informações", diz a sentença de Moraes.