ELEIÇÕES E TRABALHO

Stara pode ter que pagar mais de R$ 10 milhões em indenizações por coação eleitoral a trabalhadores

MPT pediu indenizações por danos morais coletivos e individuais, para cada trabalhador que estivesse em atividade na empresa em setembro passado

Bolsonaro e Gilson Trennepohl, um dos donos da Stara e o segundo maior doador de sua campanha.Créditos: Reprodução / Redes Sociais
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O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) ajuizou ação civil pública contra a Stara Indústria de Implementos Agrícolas por coação eleitoral sobre seus trabalhadores. Para o MPT-RS a empresa cometeu a ilegalidade e foi pedida uma indenização de R$ 10 milhões por dano moral coletivo.

Ainda foram pedidas indenizações por danos morais individuais para cada trabalhador que estivesse em atividade na empresa em setembro passado. Os casos se referem a uma série de condutas que variam de comunicados gerais, palestras e recados individuais a trabalhadores.

A empresa sediada na pequena cidade gaúcha de Não-Me-Toque, de 18 mil habitantes a 289 quilômetros de Porto Alegre, tem entre seus donos o segundo maior doador da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), Gilson Trennepohl. Com uma doação de R$ 350 mil, ele só ficou atrás do ex-piloto Nelson Piquet, que doou R$ 501 mil.

No último dia 4 de outubro a empresa enviou um comunicado a um fornecedor afirmando que, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença no segundo turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária em 30%. A empresa afirmou ainda que, caso o resultado do primeiro turno se confirme no segundo, “isso afetará o nosso poder de compra e produção, desencadeando uma queda significativa em nossos números”, configurando ameaça velada de demissões.

Em vídeo divulgado nas redes sociais após a repercussão do caso, o diretor-presidente da Stara, Átila Stapelbroek Trennepohl, afirma que o comunicado se tratava apenas de "projeções" para 2023, direcionado a fornecedores, e que a ameaça velada de demissão em massa caso Lula (PT) seja eleito é "fake news".

Dias depois, em 10 de outubro, o empresário Marcelo Dominici, do Grupo Terra Boa, do qual faz parte a Stara, foi filmado fazendo discurso de 15 minutos para seus trabalhadores onde pedia votos para Jair Bolsonaro (PL) argumentando que o ex-presidente Lula (PT) ‘implantaria o comunismo’ e ‘transformaria o Brasil em uma Venezuela’.

“Nós temos o direito de fazer escolhas, porque nós, hoje, ainda vivemos num regime liberal. E nós vamos não somente escolher o candidato, a pessoa, mas o regime que vamos viver (…) Nós temos dois candidatos e duas ideologias totalmente diferentes e opostas uma da outra. Nós temos uma ideologia liberal, onde temos o direito de ir e vir, de vender e de comprar, e temos a liberdade de expressão. Na outra [ideologia], nós não temos nada disso, mas um processo de esquerda, um processo comunista, onde todos os países que adotaram essa política comunista estão fracassados, quebrados e o povo em miséria. Isso está acontecendo em todos, mas eu vou pegar os países da América do Sul que são muito próximos aos ao nosso país (…) A Argentina é um grande exemplo, e a Venezuela outro”, discursou Dominici antes de pedir voto ao seu candidato.