APURAÇÃO

Documentos apresentados por Damares não provam esquema de exploração sexual de crianças

A ex-ministra afirmou que o governo Bolsonaro tem registros de crianças que “têm seus dentes arrancados para não morderem no sexo oral” na Ilha de Marajó

Damares Alves se elegeu senadora.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro (PL), apresentou documentos para tentar comprovar a existência de um suposto esquema de exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó (PA).

Porém, ela não conseguiu provar o que disse, durante um culto evangélico, em Goiânia (GO).

A assessoria de Damares apresentou três relatórios, de acordo com reportagem de André Borges, em O Estado de S. Paulo.

O jornal analisou 2.093 páginas e não encontrou nada que reporte aos “fatos” que a ex-ministra afirmou terem ocorrido na Ilha de Marajó.

Em discurso na igreja Assembleia de Deus, Damares disse que o governo Bolsonaro recebeu informações sobre crianças vítimas de tráfico humano. “Nós temos imagens de crianças de 4 anos, 3 anos que, quando cruzam as fronteiras, têm seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral”.

Relatórios antigos de CPIs

Como supostas provas, a assessoria da ex-ministra apresentou relatórios da CPI da Pedofilia, de 2010. Também foi encaminhado relatório de uma CPI da Assembleia Legislativa do Pará, também de 2010, para apurar práticas de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes no estado, inclusive na Ilha de Marajó. Porém, não há citação do que foi dito por ela

Um terceiro documento também não prova a denúncia: relatório da CPI dos maus-tratos, concluída em 2018 pelo Senado. Não consta nenhuma referência aos episódios.