Um monitoramento realizado pela Quaest registrou um aumento de 510% nas buscas e interações com o termo “orçamento secreto” entre 4 e 10 de outubro em relação à semana anterior. A expressão que tenta resumir um esquema de compra de apoio de parlamentares do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi buscada e citada 541 mil vezes nas plataformas Facebook, Twitter e Instagram no período, por aproximadamente 232 mil usuários.
Um outro dado trazido pelo levantamento, intitulado ‘Bit by Bit’, é de que entre a maioria dos usuários contrários ao atual presidente o assunto tem sido mal explorado pela oposição. Além disso, também foi usado em publicações que buscaram pressionar o Ministério da Educação contra os recentes cortes anunciados – e mais tarde cancelados – nas universidades públicas, que seriam feitos em favor do esquema.
Cerca de 58% das menções sobre o termo foram negativas contra 32% de menções a título de informação, consideradas neutras. O pico de debate nas redes ocorreu entre os últimos dias 6 e 7 de outubro, quando viralizou uma fala em que Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno das eleições, qualificou a prática no Flow Podcast como “o maior esquema de corrupção do mundo”.
“O relator vai sozinho comandar R$ 19 bilhões para o Executivo. Esse dinheiro vai sem rubrica, sem autoria. Ele é secreto, porque eu não sei o que sai e o que não sai. Podemos estar diante do maior esquema de corrupção do planeta Terra. Exemplo: uma cidadezinha do interior do Maranhão fez mais exame de HIV do que toda a cidade de São Paulo, que tem 12 milhões de habitantes. Tem uma outra cidade que diz que extraiu em um ano 540 mil dentes, o que significa tirar 14 dentes de cada cidadão do município, inclusive de bebês recém nascidos que ainda não têm dentes. Ou seja, eu posso estar falando de uma nota fria onde digo que fiz algo e peço pagamento. Não estamos falando sobre levar 10% de uma nota, mas de levar a nota inteira”, revelou a emedebista sobre o esquema das ‘emendas de relator’.
Entre as repercussões do lado dos opositores de Bolsonaro, a maioria dos internautas que reagiram ao termo no período, ficou a percepção muito comum de que o tema tem sido subutilizado para diminuir a votação do presidente e de que o termo, “orçamento secreto”, transparece uma imagem técnica e não entraria no imaginário da maioria da população como um “esquema de corrupção e compra de apoio do Congresso com dinheiro sem transparência”.
*Com informações d'O Globo.